Altice: substituição de fornecedores deve ficar concluída até final de 2023

Empresa diz que práticas sob investigação na Operação Picoas não devem ter “qualquer impacto material nas demonstrações financeiras da Altice International e Altice France”.

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Armando Pereira e Patrick Drahi, ex-parceiros na Altice daniel rocha
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O grupo Altice adiantou esta quinta-feira que a substituição de “fornecedores potencialmente implicados” na investigação conhecida por Operação Picoas ficará concluída até final do ano.

“À data, a Altice International e a Altice France já completaram substancialmente esta transição [de fornecedores]”, mas o plano “ficará concluído até final de 2023”, adiantou o grupo controlado pelo bilionário franco-israelita Patrick Drahi, que obteve nacionalidade portuguesa em 2016.

Este processo de substituição de fornecedores vem na sequência da investigação do Ministério Público a alegadas práticas de corrupção e fraude fiscal, de que são suspeitos o co-fundador da Altice, Armando Pereira, e o seu parceiro de negócios, Hernâni Antunes.

No processo que foi conhecido em Julho, com operações de buscas montadas em escritórios e residências em várias zonas do país (incluindo na sede da Altice Portugal, em Lisboa), os investigadores identificaram transacções suspeitas entre o grupo Altice – essencialmente em Portugal, mas também em França e nos Estados Unidos – e várias sociedades ligadas a estes empresários, com indícios de facturação falsa e pagamento de comissões a intermediários, além de venda irregular de património imobiliário, que terão desviado da empresa cerca de 250 milhões de euros.

Lembrando que foi identificada pelos investigadores como uma vítima desta teia de alegados esquemas ilícitos, a Altice salienta na nota desta quinta-feira que os impactos das práticas sob investigação na actividade do grupo são muito reduzidos.

“Como já havia sido referido, a Altice International [em que se inclui a Altice Portugal] e a Altice France confirmam que estes potenciais fornecedores implicados na investigação” representaram “menos de 2% dos gastos totais” e “menos de 6% dos gastos totais da Altice International (principalmente Portugal)”, lê-se no comunicado.

“Em paralelo, a investigação interna em Portugal e noutras jurisdições”, que inclui peritos forenses, está praticamente concluída “e não é esperado qualquer impacto material nas demonstrações financeiras da Altice International e Altice France”.

A empresa lembra que se constituiu como assistente do processo em que Armando Pereira e Vaz Antunes são suspeitos da prática de crimes de corrupção activa no sector privado, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, pelo que “vai continuar a ter em conta todos os factos e circunstâncias apuradas” na investigação.

Isto determinará os passos seguintes da sua investigação e quaisquer “decisões necessárias para proteger os seus direitos em qualquer geografia em que opera”, diz a empresa.

Segundo a investigação (em que o Ministério Público foi coadjuvado pela Autoridade Tributária), Armando Pereira e Vaz Antunes desviaram dinheiro da Altice, mas também terão lesado o Estado em cerca de 100 milhões.

Hernâni Vaz está em prisão domiciliária desde 24 de Julho, mas Armando Pereira, que também se encontrava detido, foi libertado no final de Outubro, depois de depositar uma caução bancária no valor de dez milhões de euros.

A Altice recorda ainda que desde Julho instituiu no grupo mecanismos de controlo mais robustos, com destaque para áreas como os conflitos de interesse, compras e avaliação de riscos potenciais de entidades terceiras.

Além disso, “os procedimentos de denúncia vão ser melhorados para ficarem ainda mais acessíveis” a todos os trabalhadores e partes interessadas.

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