Dezenas de milhares de pessoas na manifestação do PP contra investidura de Sánchez e amnistia

Espanha vive dia marcado por protestos em todo o país contra o acordo do PSOE com partidos independentistas.

Milhares de pessoas nas ruas de Madrid
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Milhares de pessoas nas ruas de Madrid Reuters/NACHO DOCE
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Milhares de pessoas juntaram-se, neste domingo, na Porta do Sol, em Madrid, para protestarem contra a investidura de Pedro Sánchez e o acordo do PSOE com partidos independentistas, como o Junts, de Carles Puigdemont, que envolve uma amnistia. A manifestação, promovida pelo Partido Popular (PP), teve réplica em vários pontos do país, e o líder do partido, Alberto Núñez Feijóo, pediu novas eleições em Espanha.

Para hoje estavam combinados 52 pontos de protestos em todas as regiões de Espanha. O apelo do PP era claro: “No dia 12 às 12 horas.” E assim foi. A mais numerosa, sem surpresa, aconteceu em Madrid, onde o líder do PP acusou Sánchez de comprar a presidência do Governo de Espanha a “troco da impunidade judicial dos seus parceiros, paga com impostos do povo espanhol”, escreve o jornal El País.

Na capital, a contagem do número de manifestantes não foi uniforme, como normalmente acontece neste tipo de iniciativas. As autoridades nacionais estimam que estiveram 80 mil pessoas na rua. Por seu lado, o PP fala em meio milhão e diz que em todo o país terão estado cerca de dois milhões de pessoas na rua.

"Não nos calaremos enquanto não nos pronunciarmos numa eleição e todos pudermos votar novamente. O que está a ser feito é o oposto daquilo em que votámos. Eles têm medo das urnas. Nós, espanhóis, temos o direito de nos pronunciarmos", exigiu Feijóo na capital, quatro meses depois das eleições gerais de 23 de Julho, quando o PP conseguiu a maioria dos votos, sem, no entanto, ser capaz de alcançar a maioria para formar governo.

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Feijóo nos protestos deste domingo em Madrid REUTERS/Susana Vera

Vox junta-se ao protesto do PP

Numa decisão sem precedentes, o Vox juntou-se aos protestos, e o seu líder, Santiago Abascal, gritou contra o “partido golpista” e apelou a uma “mobilização permanente nas ruas, nos tribunais e nas instituições”. “Não é um momento dos partidos, é o momento do povo espanhol”, pode ler-se numa publicação do partido de extrema-direita nas redes sociais.

No dia anterior, Pedro Sánchez, que deverá ser investido como primeiro-ministro ainda esta semana, pediu contenção ao PP. Um pedido que mereceu resposta de Abascal. "É impressionante que aqueles que estão a levar a cabo um golpe de Estado contra as instituições e o Estado de Direito peçam contenção e legitimidade", disse, citado pela Europa Press, criticando ainda Sánchez por "ter chegado ao poder há cinco anos mentindo ao povo espanhol, e ter chegado ao poder mentindo novamente".

Muitos dos manifestantes usavam bandeiras de Espanha e da União Europeia, assim como cartazes com palavras de ordem como "Respeitem a Constituição". "Ele [Sánchez] traiu a convivência, a democracia. Não pode continuar a governar", disse o bancário Tomas Perez, de 38 anos, segurando um cartaz onde se lia "Sánchez traidor", diz a agência Reuters.

"Muitas pessoas que conheço e que votam nos socialistas sentem-se absolutamente desiludidas porque Sánchez nunca disse que a amnistia faria parte do seu programa", afirmou Inmaculada Herranz Castro, de 64 anos, que estava também no protesto nas ruas de Madrid.

Manifestação na sede do PSOE

Os tumultos de um grupo de manifestantes mais violentos marcaram o protesto durante a noite, em Ferraz, onde está situada a sede do PSOE, com cargas policiais depois do arremesso de petardos e objectos contra as autoridades, descreve a agência Europa Press. Neste contexto, dezenas de pessoas foram detidas e muitas outras, incluindo agentes da autoridade, ficaram feridas. O PP organizou as manifestações com "precauções extremas" para evitar que os radicais interrompessem o protesto na Porta do Sol.

Um dos pontos que mais preocupavam as autoridades era o protesto que estava agendado precisamente para a Rua Ferraz e que foi promovido por responsáveis do Vox. Os manifestantes reuniram-se em frente à sede do PSOE, organizados da mesma forma que nas nove noites anteriores, indica o jornal El País. Os mais exuberantes e barulhentos, com simbologia franquista ou bandeiras do partido de extrema-direita, estão nas primeiras filas junto à vedação policial. Nas filas mais recuadas, grupos de pessoas que protestam contra a amnistia, muitas delas em família, que se querem afastar das acções dos grupos mais radicais. A cada passagem do helicóptero da polícia, ouviam-se os mesmos gritos: "Fora, fora”, detalha o diário espanhol.

Mais de 2500 pessoas protestam em Barcelona

Perto de 2600 pessoas, de acordo com a Guàrdia Urbana de Barcelona, concentraram-se em frente à sede do Governo da Catalunha. Segundo o jornal El Mundo, este protesto terá sido organizado por plataformas próximas do Vox e surge na sequência do protesto mais amplo que cobriu as ruas de Espanha.

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Manifestação contra a amnistia em frente à sede do PSOE em Madrid REUTERS/Susana Vera

O epicentro da manifestação em Barcelona aconteceu na Praça de Sant Jaume, onde, segundo escreve o jornal La Vanguardia, se juntaram 6500 pessoas, e onde se ouviram frases como “Puigdemont para a prisão” e “Sánchez, Puigdemont, de mão dada para a prisão”. Um boneco com a imagem do líder do Junts, vestido de recluso, era insultado pelos manifestantes.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do PP catalão, Alejandro Fernández, disse estar "absolutamente" convencido de "poder dar a volta" à situação resultante do pacto entre o PSOE e os partidos pró-independência, "utilizando todos os recursos legais que o Estado de Direito tem à sua disposição".

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