Alemanha quer ser a “espinha dorsal” da defesa europeia

Governo alemão apresentou as linhas mestras da sua política de defesa para os próximos anos, prometendo assumir maior protagonismo a nível militar.

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Boris Pistorius anunciou as linhas orientadoras da política de defesa alemã FILIP SINGER
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A Alemanha quer fortalecer as suas forças militares para se tornar na “espinha dorsal” da dissuasão e da defesa colectiva na Europa, afirmou esta quinta-feira o ministro da Defesa, Boris Pistorius, durante a apresentação das novas directivas da política de defesa, algo que não acontecia há uma década.

O documento de 19 páginas explica o que significa o Zeitenwende – a grande alteração política anunciada pelo chanceler Olaf Scholz na sequência da invasão russa da Ucrânia em Fevereiro de 2022 – para o funcionamento do Bundeswehr, as forças armadas alemãs.

Um dos primeiros passos para actualizar as forças armadas alemãs foi o anúncio de um fundo especial de cem mil milhões de euros para a aquisição de armamento moderno e a promessa de alcançar a meta fixada pela NATO de gastos correspondentes a 2% do PIB em defesa a partir de 2024.

“Com o Zeitenwende, a Alemanha torna-se num país adulto no que respeita à política de segurança”, disse Pistorius durante a apresentação do documento, o primeiro desde 2011, quando Berlim suspendeu o serviço militar obrigatório.

Pistorius enquadrou o documento como a resposta de Berlim à nova realidade com o regresso da guerra à Europa que fez aumentar o nível de ameaça, alterando fundamentalmente o papel da Alemanha e do Bundeswehr.

“Sendo o país mais populoso e economicamente mais forte no coração da Europa, a Alemanha deve ser a espinha dorsal da dissuasão e da defesa colectiva europeia”, afirmou Pistorius.

As forças alemãs precisam de se reposicionar na sua missão fundamental – a defesa credível da Alemanha e dos seus aliados – e estar “preparadas para travar uma guerra”, afirmou.

Pistorius reconheceu que essa reviravolta irá demorar algum tempo e que o Bundeswehr seria forçado a escolher prioridades durante o futuro mais próximo, após “décadas de negligência” durante as quais as estruturas e capacidades militares foram deixadas de lado.

Mas o ministro referiu a promessa de Berlim para manter em permanência uma brigada de combate na Lituânia, algo inédito para a Alemanha, como o símbolo maior do Zeitenwende e uma prova de que o país está pronto para assumir o novo papel.

Tal como a Alemanha, que como país na linha da frente da Guerra Fria beneficiou do apoio de forças aliadas, os parceiros da Alemanha esperam agora que Berlim cumpra as expectativas e exerça liderança, escreveu Pistorius num artigo no diário Tagesspiegel.