Sindicatos defendem que país “nada ganha” com venda da Efacec à Mutares

Fiequimetal considera que o fundo de investimento alemão entra na Efacec “com uma taxa de esforço mínima” e que o negócio “causa apreensão”.

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Sindicatos queriam a nacionalização da Efacec, que tem cerca de dois mil trabalhadores Nelson Garrido
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A Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas) disse esta quinta-feira que o país "nada ganha" com a venda da Efacec à Mutares e que a operação "suscita apreensão".

Em comunicado, a Fiequimetal indicou que "suscita uma grande apreensão o anúncio, feito ontem [quarta-feira] pelo Governo, de que ficou concluída a venda, praticamente de mão beijada, da Efacec à Mutares", que, realçou a organização, é "um fundo de investimento alemão que se dedica à aquisição de médias empresas em situação complexa".

Justifica-se, por isso, "redobrada vigilância por parte dos trabalhadores", salientou.

"A Efacec, uma empresa portuguesa de alto valor acrescentado, passará para as mãos de um fundo de investimento estrangeiro, que entrará neste negócio numa posição confortável e com uma taxa de esforço mínima, no que diz respeito ao investimento", referiu a Fiequimetal, considerando que o "país nada ganha com esta opção e teria tudo a ganhar com a definitiva nacionalização".

Recordando os valores já injectados pelo Governo na Efacec, a que se juntam "mais 160 milhões, a somar aos 35 milhões do Banco de Investimento", a federação disse que "estes números têm uma tradução directa", com o Estado a "sanar e alavancar financeiramente uma empresa, para depois a entregar a um fundo de investimento com um historial pouco recomendável, no que diz respeito à "salvação" de empresas e à preservação e criação de emprego", garantiu.

A organização sindical recordou que "aquilo que seria recomendável" era "a nacionalização de uma empresa estratégica para a economia nacional e com reconhecimento internacional nas áreas da energia e da mobilidade".

Segundo a Fiequimetal, a Efacec é "igualmente um activo estratégico, numa altura de forte incremento na área das energias renováveis".

"O ministro da Economia pode dormir descansado, depois de um dia que admitiu ter sido feliz. Nós não", avisaram, salientando que "a segurança quanto ao futuro da Efacec não pode ficar entregue a "milagres dos mercados"".

Estado injecta mais 160 milhões

O ministro da Economia disse na quarta-feira que o Estado vai injectar mais 160 milhões de euros na Efacec, acrescentando que foi "um dia feliz" por se concluir a venda da empresa ao fundo alemão Mutares.

Em conferência de imprensa no Ministério da Economia, António Costa Silva disse que esta terça-feira foi assinada a venda da Efacec à Mutares e que esta injectará 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias.

Já o Estado injectará mais 160 milhões de euros, anunciou. Até hoje, o Estado já tinha injectado 200 milhões de euros na empresa em suprimentos (10 milhões de euros por cada mês desde Abril de 2022)

Costa Silva destacou a importância de Efacec como "grande empresa tecnológica" para a economia portuguesa, referindo vários projectos em que está envolvida, acrescentando que deixá-la cair teria sido "desastroso para a economia portuguesa" e sobretudo para a região Norte.

"Teria um efeito desastroso na economia portuguesa e sobretudo na região norte, região do Porto e Matosinhos que já sofreu com o encerramento da refinaria da Galp. O colapso da Efacec teria efeitos devastadores", disse.

O governante afirmou ainda que a Mutares tem o compromisso de manter o centro operacional e de decisões da Efacec em Portugal.

Em Abril, a Parpública anunciou ter recebido propostas vinculativas melhoradas de quatro candidatos à compra de 71,73% da Efacec, no âmbito do processo de reprivatização da empresa.

A Efacec, que tem sede em Matosinhos, conta com cerca de 2.000 trabalhadores.