Emergência Médica Pré-Hospitalar: “Nós nunca fechamos!”

Na complexa mesa das negociações, onde todos legitimamente se queixam, não se esqueçam de nós, porque nós nunca fechamos!

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Tudo começa quando alguém liga 112 e a chamada é transferida para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), que são Centrais de Emergência Médica responsáveis pela medicalização do Número Europeu de Emergência 112. Os pedidos de socorro efetuados por esta via, referentes a situações de urgência ou emergência na área da saúde, são transferidos para os CODU do INEM.

O funcionamento dos CODU é assegurado ao longo das 24 horas do dia por uma equipa de profissionais qualificados, com formação específica para efetuar o atendimento, triagem, aconselhamento, seleção e envio de meios de emergência médica.

O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) é um conjunto de entidades que cooperam com um objetivo: prestar assistência às vítimas de acidente ou doença súbita.

Os CODU do INEM coordenam e gerem um conjunto de meios de socorro (ambulâncias, Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação, motos e helicópteros de emergência) selecionados com base na situação clínica das vítimas. O objetivo é o de prestar o socorro mais adequado no mais curto espaço de tempo.

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Paulo Pimenta

Na emergência médica pré-hospitalar, trabalham profissionais altruístas e altamente especializados. Não é apenas uma profissão, é viver para servir; é viver para salvar vidas!

Há distintas profissões que envolvem atividades consideradas de risco e, por isso, merecem uma atenção especial, mas não é o caso dos profissionais de emergência médica pré-hospitalar. De facto, e por incrível que possa parecer, não são considerados pelo Estado e pelo Governo como uma profissão de risco, não possuindo sequer um estatuto especial, como acontece com outras profissões. É incontestável, no entanto, que estes profissionais se encontram em permanente risco e devem estar sempre preparados para enfrentar o pior cenário. São vários os riscos que estão identificados, desde os acidentes rodoviários, aos riscos biológicos, passando pelas lesões musculoesqueléticas e também pela tão menosprezada saúde mental, pois as emoções gerem-se, mas nunca se apagam.

São muitos e variados os motivos que justificam a dificuldade em manter profissionais na emergência médica pré-hospitalar. Mas é indesmentível que os parcos vencimentos, associados à penosidade das operações, contribuem bastante para a decisão de abandonar a profissão ou de não optar pela mesma.

Por várias razões, temos vindo a assistir a encerramentos rotativos e a ajustamentos dos serviços de urgência hospitalares, sobrecarregando ainda mais os profissionais da emergência pré-hospitalar. Segundo o portal da transparência (https://www.inem.pt/category/transparencia/estatisticas), Portugal dispõe de 673 meios de emergência pré-hospitalar. Este ano já teve 1.054.89 acionamentos, com cada acionamento contemplando uma ou mais pessoas que necessitaram de cuidados de emergência médica, resultando em milhares de vidas salvas.

Trata-se de um serviço que os portugueses reconhecem, no qual confiam, que nunca encerra portas e nunca diz não. Um sistema em que todos os parceiros e agentes de proteção civil se unem num objetivo comum: salvar vidas! Um exemplo de comando que o SNS deve seguir.

Na complexa mesa das negociações, onde todos legitimamente se queixam, não se esqueçam de nós, porque nós nunca fechamos!

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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