A herdeira da coroa espanhola chega nesta terça-feira à maioridade e vai ao Parlamento nacional jurar que respeitará a Constituição do país, numa cerimónia considerada de grande carga simbólica e jurídica para a continuidade da monarquia em Espanha.
Leonor de Bórbon, filha mais velha do rei Felipe VI, chefe do Estado espanhol desde 2014, vai jurar perante os deputados, os senadores e outros titulares das instituições de Espanha que respeitará os direitos dos cidadãos e das regiões autónomas do país reconhecidos na Constituição de 1978.
A cerimónia, como disse recentemente o ministro da Presidência do Governo espanhol, o socialista Félix Bolãnos, tem uma "enorme carga simbólica e jurídica" porque Leonor de Borbón assume assim a sua disponibilidade e "vocação" para um dia ser chefe de Estado, assegurando desta forma a continuidade da coroa, "uma instituição absolutamente central" da democracia de Espanha.
Desde cedo que a princesa tem vindo a ser preparada para suceder ao seu pai. Neste mesmo dia, quando celebrou 13 anos, Leonor fez a sua primeira intervenção pública, no Instituto Cervantes, em Madrid, ao lado do pai, onde leu um excerto da Constituição espanhola. A família apostou numa educação internacional, no UWC Atlantic College, no País de Gales, onde estudaram outros membros de famílias reais europeias e não só.
Depois de dois anos de estudo e concluído o secundário, a formação de Leonor prossegue agora com três anos de formação militar, passando pelos três ramos das Forças Armadas espanholas. A jovem ingressou, em Agosto, na Academia Militar, em Saragoça. Então, a ministra da Defesa, Margarita Robles declarou: “Como em todas as monarquias parlamentares, o herdeiro tem de ter um passado militar e uma carreira militar.”
Esta é a segunda vez na democracia espanhola que há este juramento, depois de o pai de Leonor, Felipe de Borbón, ter feito o mesmo em 1986.
Nesse ano, o então príncipe das Astúrias jurou respeitar uma Constituição aprovada num referendo popular que tinha menos de dez anos, que estabeleceu a monarquia parlamentar em Espanha e que tinha saído da designada "transição espanhola" da ditadura para a democracia, após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975.