Cinemateca Portuguesa: concurso para direcção abre até final do ano, mas com alterações

O ministro da Cultura Pedro Adão e Silva anunciou nesta segunda-feira novas regras em relação ao perfil dos candidatos e às orientações estratégicas e objectivos a atingir.

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Amor de Perdição, a super produção do cinema mudo português foi exibida na Cinemateca em 2021, cem anos depois da sua estreia Rui Gaudêncio

O concurso público para os cargos de director e subdirector da Cinemateca Portuguesa, que abre até ao final do ano, apresenta novas regras em relação ao anterior, realizado em 2013, anunciou esta segunda-feira o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

O actual director da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, e o subdirector, Rui Machado, assumiram funções em 2014, na sequência de um concurso público aberto em 2013, e foram reconduzidos nos cargos, por mais cinco anos, em Março de 2019.

O Governo prevê abrir novo concurso para os dois cargos até ao final deste ano e, segundo Adão e Silva anunciou esta segunda-feira numa cerimónia na Cinemateca, algumas regras foram alteradas, nomeadamente em relação ao perfil dos candidatos e nas orientações estratégicas e objectivos a atingir.

Se em 2013 era obrigatório que os candidatos fossem cidadãos portugueses, hoje é possível candidatarem-se também ao cargo cidadãos brasileiros, a quem tenha sido reconhecido o estatuto de igualdade.

Além disso, deixou de ser dada preferência a áreas de formação académica, quando em 2014 tinham vantagem os candidatos formados em História, Direito, Economia, Gestão, Cinema e Comunicação Social.

No novo concurso, passa a ser valorizada a experiência profissional em organizações públicas ou privadas do sector cultural, bem como em iniciativas de formação, captação e diversificação de públicos. Em 2013, era dada preferência a candidatos com experiência profissional de dirigente em organizações públicas ou privadas, assim como na gestão de recursos e planeamento de actividades na área do Cinema e Arquivo.

Se em 2013 era dada preferência a candidatos com formação complementar na área do Arquivo e Documentação, no novo concurso é dada primazia a quem tenha conhecimentos aprofundados em História do Cinema, preservação e gestão de arquivos cinematográficos e audiovisuais e programação e gestão cultural.

Os objectivos a atingir pelos novos director e subdirector que forem escolhidos "correspondem a um novo ciclo, posterior ao investimento que está neste momento a ser feito na modernização do laboratório do ANIM [Arquivo Nacional das Imagens em Movimento], na digitalização intensiva de património fílmico e no equipamento dos cineteatros com projectores digitais", segundo o ministro da Cultura.

Entre os objectivos estão o desenvolvimento de um novo projecto museológico para a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, a ampliação da disponibilização online do património cinematográfico português, o desenvolvimento de um plano de distribuição para os filmes de cujos direitos a Cinemateca seja titular ou a participação na operacionalização do Plano Nacional de Cinema.

As orientações estratégicas estabelecidas passam por ampliar a divulgação descentralizada do património cinematográfico, em rede e em cooperação com parceiros nacionais e internacionais, ou reforçar a relação da Cinemateca com as escolas de todos os níveis de ensino.

José Manuel Costa está ligado à Cinemateca Portuguesa desde 1976 e, antes de ter assumido a direcção, foi subdirector entre 1995-1997 e 2010-2014. Foi ainda responsável pelo projecto e instalação do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM).

Já o subdirector, Rui Machado, entrou para a Cinemateca em 1990, onde começou como técnico de conservação e preservação fílmica, tendo em 2006 dirigido o ANIM, subindo em 2014 para a equipa de direcção.

O anúncio de abertura do concurso foi feito pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, durante a sessão de entrega da Medalha de Mérito Cultural a seis personalidades do cinema - as actrizes Isabel Ruth e Manuela de Freitas, o director de fotografia Acácio de Almeida, os realizadores Manuel Faria de Almeida e Margarida Cordeiro e o cineasta António da Cunha Telles, a título póstumo -, anunciada no passado dia 20 de Outubro.