Parte da muralha do Castelo da Feira ruiu por causa do mau tempo
Parte da muralha do Castelo de Santa Maria da Feira estava em obras, mas ruiu de madrugada por causa da chuva. Alerta foi dado pelo guarda do castelo. Mau tempo causou 144 ocorrências até às 11h.
Uma parte da muralha do Castelo de Santa Maria da Feira, que se encontrava em obras de consolidação, ruiu durante a madrugada devido ao mau tempo, revelou este domingo o presidente daquela autarquia do distrito de Aveiro. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, esclareceu que a derrocada ocorreu durante a madrugada, "muito provavelmente pelo excesso de chuva".
Os destroços da muralha ficaram circunscritos ao perímetro das obras de consolidação e reabilitação que "estavam prestes a terminar" naquela zona do castelo, depois de terem sido identificadas fissuras na muralha. Os técnicos e responsáveis pelo projecto de consolidação, a cargo da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), estão, neste momento, no local a determinar as causas da derrocada, que abrange "um troço com 20 a 30 metros".
À Lusa, o presidente da Câmara esclareceu que o alerta foi dado pelo guarda do castelo ao início desta manhã. Contactado pela Lusa, o Comando Sub-Regional da Área Metropolitana do Porto adiantou que durante a madrugada não foram activados meios para o local.
Do lado de Afonso Henriques
Importante exemplar da arquitectura militar portuguesa, objecto de obras de fundo durante o Estado Novo, o Castelo de Santa Maria da Feira é um testemunho da diversidade dos meios de defesa usados em território português da Idade Média (século XI) ao século XVI.
Para além da sua riqueza arquitectónica, física, é também um monumento de enorme importância identitária, política, já que desempenhou um papel de relevo na história do processo de reconquista de autonomia do Condado Portucalense — em 1128, o seu alcaide, Pêro Gonçalves de Marnel, juntou-se aos apoiantes de Afonso Henriques na luta contra a sua mãe, D. Teresa, que, com o seu amante e aliado, o conde galego Fernão Peres de Trava, aspirava a governar o território.
Objecto de nova campanha de obras entre 1992 e 2006 — período em que se fizeram estudos arqueológicos e se reabilitaram a capela e a torre de menagem —, o castelo prepara-se agora para dar por concluída a primeira fase de um novo programa de requalificação.
De acordo com a Direcção Regional de Cultura do Norte, que a 28 de Novembro do ano passado fez publicar uma nota sobre a intervenção no seu site, as obras de consolidação da muralha acompanhadas pela Universidade do Porto estão orçadas em 700 mil euros, verba também destinada à reabilitação da ruína ainda visível na praça de armas do castelo, mais precisamente o que resta de uma casa senhorial que aí foi construída no século XVII e que, pouco depois, ficaria destruída num incêndio.
Os trabalhos que ali decorrem há já largos meses e que estão já na recta final fazem parte de um programa mais abrangente de valorização do monumento, que deverá vir a passar pelo restauro dos coruchéus cónicos das suas torres e pela recuperação do poço e respectiva escadaria.
Ao início da tarde, o Castelo da Feira mantinha as portas abertas sem que tivesse havido qualquer alteração no circuito da visita por causa da derrocada que traz à memória a da Fortaleza de Valença, no início do ano.
A Protecção Civil registou este domingo, entre a meia-noite e as 11h, um total de 144 ocorrências associadas ao mau tempo em Portugal Continental, sobretudo na região Norte, principalmente inundações, quedas de árvores e limpeza das vias. Até ao final de domingo, a Protecção Civil tem o estado de prontidão dos meios no nível laranja em 16 sub-regiões da entidade no continente, com especial incidência no Norte, no Centro e em Lisboa e Vale do Tejo.
No sábado, a Protecção Civil registou, da meia-noite até às 23h, um total de 303 ocorrências, sem registo de vítimas nem danos materiais avultados, associadas ao mau tempo em Portugal continental, tendo sido a região Norte a mais afectada.
Em causa está a depressão Céline, associada a uma superfície frontal fria, com precipitação persistente, por vezes forte e acompanhada de trovoada, principalmente no Minho e Douro Litoral, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).