Polícia alarga buscas do suspeito dos tiroteios no Maine
Autoridades estiveram em várias propriedades da família de Robert Card e mobilizaram mergulhadores para buscas num rio junto ao qual o homem deixou o seu carro.
Um dia e meio depois de um ataque com arma de fogo que matou 18 pessoas e feriu outras 13 em Lewiston, a segunda maior cidade do estado norte-americano do Maine, as autoridades continuam à procura do principal suspeito. As buscas decorrem numa área superior a mil quilómetros quadrados, onde milhares de pessoas receberam ordens para se manterem em casa e onde comércio e escolas estão encerrados.
O comissário da segurança pública do Maine, Michael Sauschuck, informou esta sexta-feira, ao início da tarde (manhã nos Estados Unidos), que a polícia concentra agora a sua atenção em Lisbon, uma localidade próxima de Lewiston onde foi encontrado o Subaru branco do suspeito. O veículo estava junto a um cais de um afluente do rio Androscoggin e, por esse motivo, foram mobilizadas equipas de mergulhadores para o local, que serão apoiadas por meios terrestres e aéreos.
Sauschuck sublinhou que as autoridades ainda não sabem como Robert Card fugiu dos locais dos ataques. “Não estou a dizer que sabemos que o suspeito está na água”, afirmou, acrescentando que os mergulhadores vão “procurar provas, qualquer coisa que possa ajudar mais à frente”.
Na quinta-feira à noite, agentes do FBI e da polícia local fizeram buscas em pelo menos duas propriedades da família de Card, em Bowdoin, um subúrbio rural de Lewiston. O suspeito não estava em nenhuma delas, mas os investigadores encontraram o seu telemóvel e uma nota escrita. Uma fonte policial disse à CNN que encontrar o telemóvel não foi necessariamente uma boa notícia, porque um dos métodos usados para encontrar pessoas é precisamente através do sinal emitido por estes aparelhos.
Quanto à nota, Michael Sauschuck não quis revelar o que contém. A ABC News, no entanto, e citando fonte policial sob anonimato, indica que a nota não acrescenta informação relevante sobre os motivos dos ataques. Os inspectores estão a analisar “mais de 530” pistas recebidas nas últimas 36 horas e ainda a passar a pente fino os dois cenários de crime. “Prevejo que ainda estamos a vários dias de completar as investigações”, afirmou.
Os dois tiroteios aconteceram num salão de bowling e num restaurante a pouco mais de seis quilómetros de distância, na quarta-feira ao fim da tarde (meia-noite em Portugal continental). Morreram sete pessoas no salão Just-In-Time Recreation e oito no restaurante e bar Schemengees. Três das vítimas morreram já no hospital de Lewiston, onde ainda se encontram sete feridos, três dos quais em estado crítico.
Robert Card, de 40 anos, é procurado por suspeitas de ter cometido oito homicídios. Michael Sauschuck explicou que ainda não foi acusado dos restantes dez porque ainda não foi possível identificar essas vítimas nem notificar as suas famílias.
Militar na reserva, Robert Card é recordado pelos seus camaradas de armas como um atirador competente, perito em orientação e com gosto por actividades ao ar livre, pelo que os bosques da região de Lewiston não lhe seriam um obstáculo.
Card não estava referenciado pelas autoridades antes dos tiroteios e é descrito como uma pessoa afável. Há registo de um episódio de problemas psiquiátricos que ter-se-á passado este Verão, quando estava numa base militar no estado de Nova Iorque e demonstrou um comportamento considerado errático. Esteve internado durante algumas semanas.
Entre as vítimas já confirmadas há pessoas dos 14 aos 53 anos, clientes e trabalhadores dos sítios atacados. Ambos os locais estavam bem compostos àquela hora, em que famílias e amigos jantavam ou participavam em torneios desportivos.
No que vai do ano – em que se contabilizam já 566 ataques com armas de fogo nos Estados Unidos –, estes tiroteios do Maine são os mais mortíferos. São também os piores no país desde o ataque a uma escola primária em Uvalde, no Texas, em Maio de 2022, em que morreram 21 pessoas.
O Maine, governado pelo Partido Democrata, tem políticas liberais quanto ao uso e porte de armas, não sendo obrigatório, entre muitos outros pontos, fazer uma verificação aos antecedentes de quem pretende comprar uma arma.