Falua compra Quinta do Mourão e fica com 100 hectares no Douro

Ao todo, a propriedade tem 77 hectares, dos quais 50 são de vinha. O grupo está agora em três regiões vitivinícolas e quer continuar a crescer no país.

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Quinta de Mourão DR
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A Falua, filial do grupo francês Roullier em Portugal, anunciou a compra da Quinta do Mourão, em Cambres, no concelho de Lamego. Em Setembro, já tinha adquirido a Quinta de São José, em Ervedosa do Douro, o primeiro investimento nesta região vitivinícola. Com as duas compras, a expansão do grupo engloba 100 hectares no Douro e não quer ficar por aqui.

“É vontade do grupo fazer crescer o negócio do vinho em Portugal”, afirma ao PÚBLICO Antonina Barbosa, directora-geral da Falua. “Queremos crescer em dimensão, mas com a ideia também de trazer qualidade ao nosso portfólio pela diferenciação.”

Segundo a directora-geral da Falua, a Quinta do Mourão, “por si só”, já traz essa diferenciação. “Vai-nos permitir apresentar ao mercado produtos verdadeiramente diferenciados, do Porto branco ao Porto Tawny, com idade e com vinhos de excelência”, diz. “Foi isso que nos levou a optar por esta quinta no Douro.”

De acordo com o comunicado enviado à imprensa a anunciar a venda, já em 1843 a Quinta do Mourão estava ligada à história do vinho do Porto, chegando a ser representada no “Map of the Douro” de Joseph James Forrester, barão de Forrester. O comunicado sublinha a qualidade dos vinhos aqui produzidos, sobretudo o “valioso stock de vinhos do Porto antigos”.

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Antonina Barbosa daniel rocha

Revela também que foi na casa principal da quinta que Ramalho Ortigão escreveu a obra “As Farpas”, em 1885, com descrições da propriedade que considerava “um deslumbramento”: “Debaixo da varanda, voltada ao norte, estende-se em doce declive um largo talhão de vinha baixa, cerrada, espessa, em todos os tons do verde, desde o mais vivo ao mais escuro, rajado das tintas maduras do Outono em manchas cor de âmbar e cor de fogo, louras, vermelhas, calcinadas”.

Antonina Barbosa sublinha que esta é uma propriedade histórica. “É uma quinta extraordinária com uma história secular na produção de vinhos do Porto", afirma, destacando que tem "vinhos no mercado que vão até aos 150 anos e que contam também a história do que é a região”.

A dimensão da quinta, com 77 hectares, dos quais 50 são de vinha, também foi determinante para a compra. “Quando juntamos isto à Quinta de São José [adquirida pelo grupo em Setembro], um terroir único, uma quinta quase desenhada ao detalhe vinha a vinha, já estamos a falar de 100 hectares no Douro, com cerca de 65 hectares de vinha.”

Antes de ser adquirida pelo grupo francês Roullier, a Falua foi fundada em 1994 por João Portugal Ramos na zona do Tejo. Em 2020, expandiu-se para a região dos Vinhos Verdes, com a aquisição da Quinta do Hospital, uma quinta do século XII, estando agora, com os recentes negócios no Douro, em três regiões vitivinícolas.

Não são revelados valores de investimento, mas o objectivo é, segundo Antonina Barbosa, “criar um grande grupo de vinhos em Portugal, que seja uma referência”.

Na Quinta do Mourão, a estratégia do Grupo Roullier passa também por apostar no enoturismo.

O grupo francês, cuja abrangência vai bem para lá da aposta nos vinhos, tem um volume de negócios de 4,1 mil milhões de euros e mais de 10 mil colaboradores em 131 países.

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