Aveiro vai ter primeiro ferryboat eléctrico made in Portugal

Navio de 7,3 milhões, construído no Seixal, foi baptizado nesta quinta-feira. Chega no domingo para modernizar a travessia na ria de Aveiro, para Ílhavo.

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Novo ferryboat chama-se Salicónia e chega a Aveiro no domingo Rui Gaudencio?
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O primeiro ferryboat “inteiramente desenvolvido em Portugal por marcas nacionais” foi baptizado nesta quinta-feira, nos estaleiros Navaltagus, no Seixal. Chama-se Salicórnia e representa um investimento de 7,3 milhões de euros.

O novo barco vai operar entre Aveiro e Ílhavo, ao serviço da AveiroBus, na ligação entre São Jacinto e o Forte da Barra, e, de acordo com a autarquia, permitirá eliminar as emissões de dióxido de carbono (CO2) das actuais 300 toneladas libertadas anualmente pelo navio que actualmente faz essa travessia.

Além de zero emissões de CO2, o novo ferryboat gasta também menos energia, permitindo uma redução do consumo actual em 30%.

Com capacidade para transportar 260 passageiros, mais 30% do que o ferryboat actual, e 19 viaturas, quase o dobro da solução existente, o novo navio oferece também maior conforto, graças aos baixos índices de ruído, e até prazer aos passageiros, uma vez que, no piso superior, permite uma vista panorâmica sobre a ria de Aveiro e a paisagem de São Jacinto.

Foi apresentado como “o primeiro ferryboat eléctrico da Península Ibérica”, é também um dos primeiros em toda a Europa, com excepção dos países nórdicos, onde este tipo de transporte marítimo já é usado.

O navio foi construído pelo Grupo ETE, detentor da Navaltagus, para a Câmara Municipal de Aveiro, que financia a maior parte do investimento. Do total de nove milhões de euros que custa todo o sistema – navio e posto de carregamento –, a União Europeia comparticipa 2,5 milhões.

O presidente da autarquia de Aveiro classificou o dia como “festivo”. “Terminámos uma etapa. Substituímos algo velho e poluidor por algo novo”, disse Ribau Esteves. Para o autarca, o facto de o barco ser inteiramente nacional é “uma nota de portugalidade que deve ser um estímulo aos portugueses para fazermos mais pela nossa terra”.

O presidente da Câmara de Aveiro acrescentou que o município tomou a decisão “difícil” de avançar com este investimento por três motivos, melhorar a qualidade de vida dos residentes em São Jacinto, oferecer mais aos turistas e razões ambientais.

O autarca do Seixal, Paulo Silva, destacou a construção do Salicórnia nos estaleiros da Navaltagus como um exemplo do contributo que o Seixal pode dar para a modernização do país.

“Estamos a contribuir para um Portugal mais desenvolvido, com indústrias inovadoras”, disse Paulo Silva, recordando outros projectos em curso no Seixal, como o da rede de abastecimento de hidrogénio verde em que o concelho é pioneiro, com uma iniciativa-piloto que envolve quase uma centena de consumidores.

Por parte do construtor, o accionista e administrador do Grupo ETE, Luís Figueiredo, afirmou que “o projecto é uma enorme oportunidade para a indústria naval portuguesa”, e o director-geral da Navaltagus, Francisco Barbosa, acrescentou que a construção deste novo navio “veio trazer um grande impulso ao estaleiro, para se tornar mais moderno e sustentável”.

O ferryboat segue viagem para Aveiro, com chegada prevista à Barra de Aveiro na manhã de domingo, se as condições marítimas e climáticas o permitirem. Quando chegar a Aveiro, a embarcação entrará em testes, de navegação e carregamento, e só depois será anunciada a inauguração e entrada ao serviço.

O autarca de Aveiro aproveitou o momento, e a presença do secretário de Estado da Mobilidade, para deixar um recado ao Governo. “Aproveito para dizer à Pátria que apanhe juízo e que arranje os nove milhões que fazem falta para recuperar o [navio] treino de mar Creoula. Se a Câmara de Aveiro, com um orçamento muito mais pequeno, conseguiu arranjar nove milhões de euros, o Governo também consegue no Orçamento do Estado”, atirou Ribau Esteves.

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