Preços das casas ultrapassam 1600 euros por metro quadrado pela primeira vez
No segundo trimestre, o valor mediano dos alojamentos familiares vendidos em Portugal foi de 1629 euros por metro quadrado, um aumento de 9% face a igual período do ano passado e um novo recorde.
Depois de dois trimestres consecutivos de abrandamento, os preços das casas vendidas em Portugal voltaram a acelerar entre Abril e Junho deste ano, aumentando 9% e levando os valores medianos a ultrapassarem, pela primeira vez, a fasquia dos 1600 euros por metro quadrado. A tendência não foi, contudo, transversal a todo o país, com a subida dos preços a registar um abrandamento na maioria das grandes cidades.
Os números foram divulgados, nesta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no segundo trimestre deste ano, o valor mediano dos alojamentos familiares vendidos em Portugal foi de 1629 euros por metro quadrado, o que corresponde a um aumento de 9% face a igual período do ano passado. É a primeira vez, desde que estas estatísticas são recolhidas pelo INE, que o valor mediano das casas ultrapassa os 1600 euros por metro quadrado a nível nacional, ao mesmo tempo que o crescimento dos preços volta a acelerar, depois da subida de 7,6% que tinha sido registada no primeiro trimestre deste ano.
Esta tendência de aumento dos preços foi transversal a quase todo o país, com os valores a caírem em apenas seis das 25 regiões analisadas pelo INE (Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes, Viseu Dão Lafões, Beira Baixa, Beiras e Serra da Estrela e Baixo Alentejo). Contudo, o movimento de aceleração fica a dever-se às regiões menos populosas, já que, na maioria das grandes cidades, deu-se uma desaceleração do crescimento dos preços, ainda que estes continuem a aumentar.
De acordo com os dados do INE, registou-se um abrandamento da subida dos preços em 17 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes. Mesmo assim, os aumentos continuaram a ocorrer a um ritmo significativo e os preços nestas cidades mantêm-se muito acima da mediana nacional, chegando a ser perto do triplo no caso de Lisboa, onde o valor mediano das casas se fixou em 4275 euros por metro quadrado no segundo trimestre deste ano, um aumento de 12,9% face a igual período do ano passado.
Também em Cascais, o município com mais de 100 mil habitantes que apresenta os preços mais elevados a seguir à capital, se registou um crescimento acentuado, de perto de 12%, colocando o valor mediano das vendas em 3902 euros por metro quadrado. Já no Porto, a subida superior a 13% dos preços levou o valor mediano das casas a fixar-se em 2857 euros por metro quadrado no segundo trimestre.
Em sentido contrário, Barcelos foi o único dos maiores municípios a registar uma quebra dos preços no segundo trimestre, de cerca de 5%, com os valores medianos a fixarem-se em 1125 euros por metro quadrado neste período.
Estrangeiros pagam mais 53%
A contribuir para a escalada dos preços da habitação estão, também, os compradores estrangeiros, que, tendencialmente, pagam valores muito superiores aos que são desembolsados pelos nacionais.
No segundo trimestre, o valor mediano das casas vendidas a compradores com domicílio fiscal no estrangeiro foi de 2310 euros por metro quadrado, o que representa mais 53,6% do que o valor mediano de 1504 euros por metro quadrado pago pelos compradores com domicílio fiscal em território nacional.
Nas grandes cidades, contudo, onde os preços já estão mais inflacionados, a discrepância entre os valores pagos por nacionais e estrangeiros é menor. Em Lisboa, os estrangeiros desembolsaram um valor mediano de 5686 euros por metro quadrado, valor quase 43% superior ao preço mediano de 3978 euros por metro quadrado que é pago por nacionais. Já no Porto, os estrangeiros pagaram um valor mediano de 3800 euros por metro quadrado pelas casas, mais 44% do que os nacionais, que pagaram um valor mediano de 2636 euros por metro quadrado no período em análise.