Giménez era caro para o Benfica e a Europa já ficou a saber porquê

O Benfica não quis investir no mexicano o dobro do que investiu em Arthur Cabral. Para o avançado, os “buenos aires” não são os da América do Sul, mas os da Europa - e a Champions já o conhece.

Foto
Giménez celebra pelo Feyenoord Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW
Ouça este artigo
00:00
03:34

Se ainda fosse preciso, a jornada desta quarta-feira de Liga dos Campeões trouxe a clarificação de quem é Santiago Giménez. O avançado mexicano do Feyenoord nunca tinha jogado na Champions, já que cumpriu castigo nas primeiras duas jornadas, mas agora, na terceira, mostrou por que motivo só o mais sonhador adepto do clube neerlandês crerá na continuação do jogador em Roterdão na próxima temporada.

O Feyenoord, que termina a noite em lugar de apuramento no grupo E, venceu a Lazio por 3-1, com um grande golo de Giménez num trabalho individual na área – um movimento daqueles que o “futebolês” baptizou como golo “à ponta-de-lança”, recebendo de costas para a baliza, antes de rodar, aguentar a carga do defensor e finalizar (vídeo em baixo).

E nada disto é novo. Giménez vai com 15 golos nos últimos nove jogos – não, não é engano – e está a provar que, apesar de nascido em Buenos Aires, são os "aires" da Europa que lhe fazem bem.

Trata-se de alguém que nem marcou assim tantos golos no Cruz Azul, clube mexicano que o formou – não era sequer um titular indiscutível na equipa. Nos Países Baixos, onde chegou na temporada passada, tomou conta da Liga neerlandesa, com golos atrás de golos.

Suficiente para ser bom na América? Nem por isso. Apesar dos golos, continuou a ser bastante irrelevante na selecção mexicana e nem sequer foi ao Mundial 2022, apesar de ter um desempenho bastante superior a pelo menos três dos atacantes que foram ao Qatar – Jiménez, o que tem “J”, Funes Mori e Vega.

Mas Giménez não foi feito para os americanos. Os ares de que ele gosta são outros: os dos Países Baixos e, agora, depois desta estreia na Champions, os da Europa.

Fã de Maniche

O percurso deste jogador tem contornos incomuns – e não apenas pela capacidade goleadora de alguém cujos números não eram assim tão bons no México.

Aos 17 anos, teve uma trombose que o deixou em risco de vida e afastado dos relvados durante meses, a contas com três cirurgias. Recuperou e estreou-se pelo Cruz Azul num jogo particular no qual sofreu um penálti e se lesionou nesse lance. Manteve-se em campo com o braço fracturado e o penálti foi convertido pelo… pai.

Santiago é filho de Christian Giménez, internacional mexicano que ainda jogou com o filho nos últimos anos da carreira – Christian, o experiente n.º 10, “alimentava” Santiago, o jovem avançado a aparecer no clube.

Filho de “el chaco”, Santiago nunca quis ser “chaquito”. Sempre preferiu “el bebote” – qualquer coisa como “bebezão” ou “bebé grande” em português –, epíteto que lhe foi dado na juventude pelo imponente corpo de jovem adulto e voz grossa conjugados com o rosto e a mentalidade de uma mera criança.

Todas estas trivialidades biográficas enquadram alguém sempre à frente do seu tempo. Mesmo agora, com 22 anos, está num patamar mediático que não seria suposto.

Não era dos melhores do México e foi para um campeonato secundário no plano europeu. É, apesar disso, um dos avançados de quem mais se fala na Europa e o Feyenoord não vai deixá-lo sair por meros tostões – que o diga o Benfica, que no Verão terá achado inviável um investimento a rondar os 40 milhões de euros em alguém que “só” marcou golos nos Países Baixos.

Com instinto finalizador, tremendo poder físico, bastante velocidade e alguma capacidade de jogar em apoios frontais, Giménez parece ter o essencial para justificar uma grande transferência.

“Quando era pequeno, o meu grande ídolo era o Maniche. Só quem sabe de futebol é que conhece o Maniche”, referiu, no ano passado, numa entrevista no Instagram. E Giménez, com ou sem Maniche na parede do quarto, parece saber qualquer coisa de futebol.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários