No enorme plano da Europa para a energia eólica, cidadãos ficam esquecidos

Gabinete Europeu do Ambiente lamenta falta de disposições no novo Plano de Acção Europeu para a participação dos cidadãos. “É também uma questão de conquistar o apoio das pessoas”, sublinham.

Foto
Parque eólico da Orsted, perto de Nysted, na Dinamarca Reuters/TOM LITTLE

O Gabinete Europeu do Ambiente (EEB), uma coligação de organizações ambientais, aplaude o novo Plano de Acção Europeu para a Energia Eólica, mas lamenta que a proposta "ignore a participação dos cidadãos".

A Comissão Europeia apresentou esta segunda-feira em Bruxelas um plano para aumentar a capacidade eólica instalada, com medidas como apoio financeiro e simplificação de licenciamentos.

Em comunicado, o EEB salienta essa prioridade na simplificação dos processos de licenciamento, mas manifesta preocupação quando à falta de disposições para a participação dos cidadãos, que considera tão importante como a eficiência administrativa para garantir a rápida expansão da energia eólica.

Ignorar a importância da participação dos cidadãos e insuficientes considerações relacionadas com a natureza, avisa o EEB, podem levar a novos estrangulamentos, porque projectos eólicos controversos podem enfrentar resistência social e disputas legais nos tribunais.

"O objectivo europeu de pelo menos 42,5% de energias renováveis até 2030 exigirá duplicar a actual capacidade eólica, de 204 GW em 2022 para mais de 500 GW. O caminho alinhado com o Acordo de Paris, no entanto, sugere que os Estados-Membros da UE devem esforçar-se por obter uma capacidade eólica instalada de 524 GW até 2030, a par de reduções substanciais da procura de energia", diz a organização no comunicado.

Cosimo Tansini, responsável pela política das energias renováveis no EEB, afirmou, citado no comunicado, que a energia eólica se atrasou recentemente em relação à solar e que é uma boa medida a questão dos licenciamentos, como também é o investimento em trabalhadores qualificados.

Os Estados-Membros devem agora "garantir que a sustentabilidade ambiental e a participação dos cidadãos sejam fortemente recompensadas nos concursos para projectos", disse, acrescentando que a transição "não tem apenas a ver com tempo e capacidade; é também uma questão de conquistar o apoio das pessoas e, para isso, tem de ser exemplar".