Santos Silva considera “normais” reacções de desagrado a discurso de Duarte Pacheco

Críticas na UIP a discurso de Duarte Pacheco, por não ter falado “sobre os crimes israelitas contra civis, em particular as crianças”.

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Santos Silva na abertura da 147.ª Assembleia Geral da União Interparlamentar LUSA/AMPE ROGÉRIO
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O Presidente da Assembleia da República considerou esta terça-feira "normais" as reacções de desagrado de algumas delegações parlamentares ao discurso do presidente da União Interparlamentar (UIP) sobre o conflito israelo-palestiniano, tendo em conta a falta de unanimidade da comunidade internacional.

Augusto Santos Silva falava à imprensa, após dois dias em Luanda, para participar na 147.ª Assembleia Geral da União Interparlamentar (UIP) onde manteve encontros com várias delegações de outros países lusófonos, com a sua homóloga angolana, Carolina Cerqueira, o ministro das Relações Exteriores, Téte António e com o Presidente da República de Angola, João Lourenço.

O deputado Duarte Pacheco (PSD), presidente em exercício da UIP e que agora termina o seu mandato, discursou na segunda-feira na abertura do encontro, falando sobre o tema dos conflitos, o que não foi bem recebido por representantes de algumas delegações, como Palestina e Irão, que mostraram desagrado quanto à abordagem e gritaram, em inglês, "vergonha".

Segundo fontes contactadas pela Lusa, alguns parlamentares consideraram o discurso tendencioso por não ter falado "sobre os crimes israelitas contra civis, em particular as crianças".

Para Santos Silva, "é normal" esta divergência, salientando que tanto Duarte Pacheco como o Presidente angolano exprimiram posições "muito consensuais" sobre o tema, "mas nenhuma delas é unânime na comunidade internacional".

"É natural que discursos como o do presidente da UIP; que não foi vazio, que exprimiu posição sobre os diferentes temas tivesse colhido o aplauso de alguns e alguma reacção de outras", salientou, acrescentando que a posição de Portugal sobre o assunto é "muitíssimo clara", condenando o ataque do Hamas e dizendo que Israel tem direito a defender-se no quadro do direito internacional humanitário.

Acrescentou que o conflito Israelo-palestiniano só pode ser resolvido através do diálogo político, do cumprimento das resoluções das Nações Unidas e da criação de dois Estados - Israel e Palestina - convivendo lado a lado.

"Esta posição é muito clara, mas evidentemente não é unânime na comunidade internacional e é natural que numa assembleia que congrega 179 delegações haja alguns que não gostem desta posição", reforçou.

O Presidente da Assembleia da República fez um balanço positivo da participação na UIP com "dois dias muito cheios e muito úteis, que fazem bem à alma" pelo "carinho e companheirismo com os países africanos de expressão portuguesa.

Destacou a importância que Portugal concede ao facto de pela primeira vez a UIP se realizar num país africano de língua portuguesa e considerou que este é um espaço de cooperação interparlamentar relevante "num momento em que as tensões, conflitos e hostilidades no mundo são manifestos".

Sobre a especificidade da acção parlamentar, realçou o facto de acrescentar à política externa o envolvimento dos vários partidos, indicando que, no caso português, os dois partidos que alternam no poder tem posições muito próximas.

Santos Silva termina esta terça-feira a visita a Angola com um encontro na Embaixada portuguesa com a comunidade residente em Luanda.