Grau de ameaça terrorista em Portugal passa de moderado para significativo
Sistema de Segurança Interna eleva nível de alerta em Portugal devido ao conflito no Médio Oriente.
O Sistema de Segurança Interna (SSI) decidiu elevar o grau de ameaça terrorista em Portugal de moderado para significativo, considerando, no contexto do conflito entre Israel e o Hamas, "existirem condições que justificam" essa alteração, segundo um comunicado hoje divulgado.
"O Serviço de Informações de Segurança, enquanto entidade responsável pela avaliação de ameaça, tem procurado ao longo destes dias, em estreita e permanente cooperação com os seus parceiros internacionais e nacionais no contexto do Sistema de Segurança Interna, coligir de forma sistemática indícios que permitam, no contexto dos potenciais agentes de ameaça, identificar e caracterizar intenções e capacidades. Desta forma, o SIS considerou existirem condições que justificam a alteração do grau de ameaça terrorista em Portugal de Moderado para Significativo", lê-se no comunicado.
O SSI explica que a decisão validada pela Unidade de Coordenação Antiterrorismo (UCAT) acontece "por razões eminentemente preventivas e de cautela", uma vez que "não se registam quaisquer indícios que apontem para o desenvolvimento de acções terroristas em território nacional.
A decisão, explica, acompanha os parceiros europeus, referindo que em alguns se registaram "acções terroristas perpetradas por atores isolados radicalizados, de difícil detecção".
"Este grau de classificação de ameaça significa que as Forças e Serviços de Segurança em Portugal irão continuar a acompanhar, no quadro da UCAT e proactivamente, a evolução da situação de segurança, adoptando de forma flexível e pragmática as medidas de segurança, passivas e activas, que vierem a considerar necessárias. Sempre num contexto de adequação e proporcionalidade, no quadro de uma vigilância cooperativa reforçada", lê-se no comunicado.
O secretário-geral do SSI, Paulo Viseu Pinheiro, reuniu a UCAT de forma extraordinária na quinta-feira, 19 de Outubro, "no formato de dirigentes máximos ou nacionais, tendo estado também presente um representante da Procuradoria-Geral da República como convidado", depois de a 9 de Outubro, dois dias após os ataques em Israel, ter decorrido reunião ordinária de dirigentes, na qual se decidiu o "reforço pontual de medidas adequadas de segurança".
A UCAT, um órgão de partilha de informações, cooperação e acompanhamento permanente em matéria de prevenção e combate ao terrorismo, coordenada pelo secretário-geral do SSI e composta pela Polícia Judiciária (PJ) - Órgão de Polícia Criminal com competência reservada no combate ao terrorismo - GNR, PSP, Serviço de Informações de Segurança (SIS), Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), SEF e Polícia Marítima.
O SSI refere no documento que "tem acompanhado a evolução da situação de segurança e eventuais impactos na segurança interna decorrentes do agravamento do conflito entre Israel e o Hamas", afirmando que o ataque "provocou uma escalada do conflito no Médio Oriente e acrescentou mais complexidade à ameaça terrorista de matriz islamista na Europa".
O grupo islamita Hamas lançou a 7 de Outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infra-estruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade. Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.
Depois destes ataques, um professor foi esfaqueado em França e duas pessoas morreram baleadas e uma outra ficou ferida em Bruxelas, países que elevaram o nível de alerta para o grau máximo.