J.K. Rowling iria “de bom grado” para a prisão pelas suas opiniões sobre transgéneros

Face à proposta do Partido Trabalhista de criminalizar ataques à identidade de género, a autora de Harry Potter declara que não se importa de cumprir dois anos de prisão pelas suas opiniões.

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J.K. Rowling optou por brincar com o assunto: "Que venha o processo em tribunal, digo eu" Reuters/Neil Hall
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J.K. Rowling mantém a sua visão de que uma mulher transgénero não é uma mulher e voltou a insistir no tema, esta semana, publicando uma imagem nas redes sociais onde se lê “As mulheres trans são mulheres”, legendando-a com um taxativo “Não”.

Nos comentários, houve quem apelasse ao voto no Partido Trabalhista, depois de ter sido noticiado que entre as promessas eleitorais está a criminalização dos ataques à identidade de género, com pena de até dois anos de prisão. Mas Rowling não teme: “Não me importo de cumprir dois anos se a alternativa for o discurso forçado e a negação forçada da realidade e da importância do sexo.”

A autora optou por brincar com o assunto: “Que venha o processo em tribunal, digo eu. Vai ser mais divertido do que qualquer passadeira vermelha.” E até começou a imaginar onde poderia passar o seu tempo na prisão: “Espero que seja na biblioteca, obviamente, mas acho que me poderia dar bem na cozinha”, escreveu no X (ex-Twitter). E prossegue em tom de gozo: “A lavandaria pode ser um problema. Tenho tendência para encolher as coisas e torná-las cor-de-rosa acidentalmente.”

Depois de algumas referências ao tema, J.K. Rowling publicou um ensaio, em Junho de 2020, em que declarou estar preocupada com o “novo activismo trans” que acusa estar a “corroer os direitos das mulheres”. Um dos exemplos mencionado foi o acesso dos transgéneros a espaços exclusivos para mulheres, como as casas de banho.

A escritora justificou a sua posição, relatando a sua história pessoal de violência doméstica, no primeiro casamento, e de abuso sexual para justificar a sua aversão em ter pessoas nascidas biologicamente do género masculino dentro de casas de banho ou balneários para mulheres. “Quando se abrem as portas das casas de banho e balneários a qualquer homem que acredite ou sinta que é mulher — e, como já disse, os certificados de confirmação de sexo podem agora ser concedidos sem qualquer necessidade de cirurgia ou hormonas —, então abre-se a porta a todo e qualquer homem que deseje entrar.”

A autora ainda ressalvou o facto de acreditar que “a maioria das pessoas trans não só representam uma ameaça zero para os outros, como são vulneráveis”, sublinhando que, “tal como as mulheres, [as transexuais] estão mais sujeitas a serem mortas por parceiros sexuais”.

O texto era também uma resposta a Daniel Radcliffe — o Harry Potter na saga cinematográfica —, que escreveu para o The Trevor Project. “Mulheres transgénero são mulheres”, afirmou o actor. “Qualquer declaração em contrário apaga a identidade e a dignidade das pessoas transgénero e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde que têm muito mais conhecimentos sobre este assunto do que eu ou a Jo”, referindo-se a Rowling pelo seu primeiro nome.

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