Jornalista norte-americana detida na Rússia

É o segundo jornalista norte-americano detido nos últimos meses.

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Alsu Kurmasheva foi detida na quarta-feira REUTERS
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As autoridades russas detiveram a jornalista norte-americana Alsu Kurmasheva, da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE-RL), uma transmissora financiada pelo Governo dos EUA. A detenção, segundo relata a BBC, terá acontecido na quarta-feira, depois de ter visitado familiares na cidade de Kazan. É o segundo caso de jornalistas norte-americanos detidos na Rússia desde o início da guerra na Ucrânia.

A RFE-RL confirmou a detenção nesta quinta-feira, explicando que a jornalista — que tem também nacionalidade russa e que trabalhava como correspondente em Praga, na República Checa foi acusada de não se ter registado como “agente estrangeira“ e que agora corre o risco de enfrentar uma pena que pode ir até aos cinco anos de prisão. O diário britânico The Guardian refere que a jornalista se tem destacado nos últimos meses pela cobertura que tem feito sobre a mobilização militar da Rússia na sequência da invasão à Ucrânia.

Ainda de acordo com um comunicado da RFE-RL, a jornalista já tinha sido detida a 2 de Junho, depois de no dia 20 de Maio ter viajado para Kazam para responder a uma emergência familiar. As autoridades locais confiscaram tanto o passaporte norte-americano como o russo. Posteriormente, foi multada por não ter registado o documento com origem nos EUA junto das autoridades russas e estava neste momento a aguardar a devolução dos documentos. “Alsu é uma colega altamente respeitada, esposa dedicada e mãe dedicada de dois filhos”, disse o presidente em exercício da RFE/RL, Jeffrey Gedmin. “Tem de ser libertada para que possa voltar para sua família imediatamente”, pode ler-se em comunicado.

De acordo com o jornal The New York Times, a detenção de Alsu, em Kazan, uma cidade a cerca de 800 quilómetros de Moscovo, aumenta as suspeitas de que o Kremlin passou a olhar para os cidadãos norte-americanos que ainda permanecem na Rússia como activos de alto valor que podem ser trocados por russos que estejam neste momento detidos nos EUA. Até ao momento, as autoridades russas não emitiram qualquer declaração sobre a detenção.

Jornalistas e críticos detidos pelo Kremlin

Trata-se do segundo jornalista detido desde que começou a guerra na Ucrânia. Evan Gershkovich, jornalista do The Wall Street Journal, foi detido em Março e acusado de espionagem. Está detido na prisão russa de Lefortovo e corre o risco de ser condenado a uma pena de 20 anos de prisão.

“O FSB travou as actividades ilegais do cidadão americano Evan Gershkovich, nascido em 1991 e correspondente na delegação de Moscovo do The Wall Street Journal, acreditado junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, por suspeita de espionagem em nome do Governo dos EUA”, afirmou o FSB através de um comunicado citado pela agência de notícias Interfax na altura.

Vários jornalistas e críticos do Kremlin têm sido rotulados de “agentes estrangeiros”, incluindo o prémio Nobel da Paz Dmitry Muratov. Em Setembro do ano passado, Ivan Safronov, que trabalhou para o Kommersant e o Vedomosti, foi condenado a 22 anos de prisão sob a acusação de traição.

Em Março, o estudante Dmitry Ivanov foi condenado a oito anos e meio de prisão por “distribuir informações falsas” sobre o Exército russo na aplicação de mensagens Telegram.

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