Monte Gordo, uma praia convertida em pista de motociclismo

A realização da prova, com cerca de 400 participantes, vai obrigar a redesenhar o areal. A Agência Portuguesa do Ambiente exige medidas de salvaguarda e minimização dos impactes negativos.

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Evento vai decorrer na praia de Monte Gordo Matilde Fieschi
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A praia de Monte Gordo vai receber, de 17 a 19 de Novembro, uma prova internacional de motociclismo, na qual o município vai investir 100 mil euros. O retorno da verba é justificado, diz a autarquia, por aquilo que o evento representa no “reforço” da campanha promocional do destino turístico algarvio. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) fez depender o seu parecer da apresentação de um Plano de Valorização Ambiental, “ainda em fase de desenvolvimento”.

A organização, a cargo da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António em parceria com o Automóvel Clube de Portugal, acha que já não há travão que possa suster a dinâmica do evento desportivo, que já teve apresentação pública em Lisboa. “A prova reúne todos os pareceres necessários para a sua realização, emitidos pelas entidades competentes”, sublinha. Do ponto de vista da APA, os impactes negativos que o evento possa vir a ter nos recursos naturais ainda não estão salvaguardados no plano que foi submetido para apreciação.

O Plano de Valorização Ambiental que foi exigido à entidade promotora, informou a APA, agrega um conjunto de requisitos que vão desde a “mitigação de impactes ambientais imediatos a nível da poluição: sonora e atmosférica, à contenção de hidrocarbonetos e redução da pegada carbónica - além da garantia da salvaguarda dos aspectos biofísicos relacionados com a modelação e limpeza das areias e perturbação de habitats.

O evento, inserido no calendário do futuro campeonato do mundo de provas em areia da Federação Internacional de Motociclismo, é visto como uma oportunidade para a promoção do concelho como destino turístico. “Reforçar a ideia de que Vila Real de Santo António e a região do Algarve têm potencialidades para serem visitados durante todo o ano”, diz a câmara. Além das centenas de visitantes na praia, justifica a autarquia, são esperados cerca de 400 participantes na prova, prevendo-se grande cobertura mediática.

O evento, denominado “Algarve – Monte Gordo Sand Experience”, é apoiado pelo município com 100 mil euros, verba proveniente da Taxa Turística. O apoio foi aprovado por unanimidade em reunião do executivo. Quanto ao retorno, “prevê-se que a prova tenha um impacto muito positivo na economia local, desde o comércio aos sectores da hotelaria e restauração”, justifica-se, além do que for angariado através de patrocínios.

Do outro lado da equação estão os efeitos negativos no ambiente. Nada que não seja ultrapassado com medidas preventivas e de minimização. Nesse sentido, o percurso foi desenhado de forma que o público aceda ao espectáculo utilizando os passadiços, e as “dunas primárias circundantes serão vedadas”. A monitorização da qualidade das areias e da água, esclarece o município, será garantida através de análises, realizadas pela ARH-Algarve. Quanto a outras medidas compensatórias mais abrangentes, “estão igualmente previstas acções como a plantação de pinheiros, a distribuição de informação relativa a boas práticas e o reforço de recolha de resíduos indiferenciados e recicláveis”.

O Plano de Valorização Ambiental, reclama a APA, deve garantir a monitorização da qualidade da água e do areal, antes e depois do evento, assim como compensar os efeitos negativos que a prova vai ter nos recursos naturais. No entanto, a ARH-Algarve diz que os “impactes nos recursos hídricos são minimizáveis”, desde que o plano, ainda não finalizado, seja cumprido. De resto, enfatiza, todas as entidades com jurisdição no local e envolvente emitiram parecer favorável a esta intenção do município.

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