Os procuradores do Novo México, EUA, afirmaram que tencionam voltar a acusar o actor Alec Baldwin de homicídio involuntário pelo disparo fatal contra a directora de fotografia do filme Rust, Halyna Hutchins, em 2021.
O caso de Baldwin será levado a um grande júri em meados de Novembro, avançou a promotora especial Kari Morrissey. A decisão foi tomada na sequência dos resultados de um teste forense independente que concluiu que Baldwin tinha de ter premido o gatilho do revólver com que estava a ensaiar para que este disparasse a bala que matou Hutchins e feriu o realizador Joel Souza. A conclusão foi a mesma de um teste anterior do FBI à arma de fogo.
“Após uma extensa investigação ao longo dos últimos meses, surgiram factos adicionais que, na nossa opinião, demonstram que o senhor Baldwin é criminalmente responsável pela morte de Halyna Hutchins e pelo disparo contra Joel Souza”, afirmaram Morrissey e Jason Lewis num comunicado.
Baldwin declarou que não é responsável pela morte de Hutchins, insistindo que não premiu o gatilho. “É lamentável que uma tragédia terrível tenha sido transformada nesta acusação mal orientada. Responderemos a qualquer acusação em tribunal”, afirmaram Luke Nikas e Alex Spiro, advogados de Baldwin, num comunicado.
O protagonista da série Rockfeller 30 foi originalmente acusado de homicídio involuntário em Janeiro pela morte de Hutchins, juntamente com a armeira Hannah Gutierrez, que enfrenta um julgamento em 2024.
O grande júri previsto marcou um revés para Baldwin, depois de os procuradores terem retirado as acusações contra o actor em Abril, na sequência de novas provas de que a arma que utilizou poderia ter sido modificada, permitindo-lhe disparar sem que o gatilho fosse premido.
Morrissey disse, posteriormente, que se os novos testes da arma mostrassem que estava a funcionar, voltaria a acusar Baldwin.
Os magistrados do Ministério Público recorrem frequentemente a grandes júris, uma vez que é mais fácil provar uma causa provável e avançar para julgamento do que apresentar uma queixa-crime que pode ser investigada pelos advogados de defesa numa audiência preliminar.
O disparo que matou a directora de fotografia Halyna Hutchins e feriu o realizador do filme, Joel Souza, aconteceu durante um ensaio a 21 de Outubro de 2021. Um revólver Colt 45, que Alec Baldwin apontava em direcção à câmara, disparou quando estava carregado com munições reais. Todas as armas de cena eram controladas por Hannah Gutierrez-Reed. Até ao momento, as investigações ainda não conseguiram apurar como é que as munições reais foram parar ao local das filmagens.
Halyna Hutchins nasceu na Ucrânia, em 1979, tendo crescido numa base militar soviética no Círculo Árctico, “rodeada de renas e submarinos nucleares”, como se lê no seu site, onde actualmente se faz uma angariação de fundos para bolsas de estudo. Hutchins, que estudou jornalismo e integrou algumas redacções, acabaria por se apaixonar pelo cinema, tendo aprofundado os seus conhecimentos no American Film Institute, em Los Angeles. Em 2019, a conceituada revista American Cinematographer nomeou-a como uma das estrelas em ascensão.
Alec Baldwin, de 63 anos, faz parte do clã Baldwin, sendo o mais velho de quatro irmãos, todos ligados à Sétima Arte: o actor, realizador e produtor Stephen (Os Suspeitos do Costume); o actor William (Mar de Chamas, A Lula e a Baleia); e o actor e produtor Daniel (o detective Beau Felton, da série policial Departamento de Homicídios).
Já Alec, que fez uma carreira discreta ao longo dos anos, ganhou maior notoriedade depois de integrar o elenco da série Rockefeller 30, criada pela humorista Tina Fey. Mas foi a imitar Donald Trump no programa Saturday Night Live que se tornou particularmente popular nos EUA (e no mundo) nos últimos anos. Um papel que lhe valeu um precioso Emmy entre um trio de nomeações.