Nova proprietária da plataforma de música Bandcamp despede metade da equipa

Fundada há 15 anos e reconhecida pelo apoio que presta à música independente e aos seus criadores, receia-se que este despedimento em massa comprometa definitivamente o projecto.

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Para a música independente, observa o crítico Philip Sherburne na publicação digital Pitchfork, “a Bandcamp tem sido uma das poucas histórias de sucesso económico ao longo da última década” Guillaume Payen/SOPA Images/LightRocket/Getty Images
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Lançada em 2008 e considerada uma espécie de oásis para os músicos independentes e respectivos fãs, a plataforma Bandcamp acaba de ver a sua nova proprietária, a multinacional Songtradr, despedir metade dos seus funcionários, gerando receios de que esteja à vista o fim de um projecto que serve mais de cinco milhões de artistas e chancelas independentes.

A Bandcamp apostou em estilos e comunidades musicais de nicho, criou um modelo de negócio que permite aos músicos vender directamente ao consumidor, pagando uma percentagem baixa, e criou um prestigiado braço editorial, a Bandcamp Daily, que promove a música independente. Este despedimento em massa apanhou de surpresa os funcionários, escreve o jornal Los Angeles Times.

No site da Bandcamp há dois números que se mantêm em destaque: os 193 milhões de dólares (183 milhões de euros) que os músicos associados receberam da plataforma só durante o ano passado, e os 1190 milhões (1129 milhões de euros) que esta já pagou desde que foi lançada há 15 anos. Para a música independente, observa o crítico Philip Sherburne na publicação digital Pitchfork, “a Bandcamp tem sido uma das poucas histórias de sucesso económico ao longo da última década”, observando que esta se impôs como “uma plataforma crucial e amplamente apreciada”. Entre as medidas que ajudaram a estabelecer a sua reputação estão as Bandcamp Fridays, lançadas logo no início da pandemia de covid-19: todas as sextas-feiras, durante 24 horas, a plataforma renunciava aos seus proventos.

Esta história de sucesso teve um primeiro abalo há cerca de ano e meio, quando os proprietários da plataforma a venderam à multinacional de jogos de vídeo Epic Games, criadora de jogos como Fortnite ou Unreal Engine. A Bandcamp criou então uma comissão de trabalhadores, que andava a negociar com os novos proprietários. Mas a conversa acabou no final de Setembro, quando a Epic Games despediu mais de 800 trabalhadores e anunciou que vendera a Bandcamp à Songtradr.

Um representante da Songtradr disse ao Los Angeles Times que a empresa propôs a manutenção do posto de trabalho a 60 dos 118 funcionários da plataforma, tendo dispensado os restantes 58. “Nos últimos anos, os custos operativos da Bandcamp aumentaram significativamente e eram necessários alguns ajustamentos para garantir uma empresa saudável e sustentável que possa servir a sua comunidade e os seus fãs”, argumentou a mesma fonte.

Um diagnóstico que não convence os fãs da plataforma, que têm mostrado a sua incredulidade e insatisfação nas redes sociais. “A Bandcamp garante que é lucrativa desde 2012, mas mesmo que estivesse a perder dinheiro e fosse necessário fazer cortes”, escreve Philip Sherburne na Pitchfork, “as primeiras medidas da Songtradr não são a estratégia de uma empresa que perceba o que comprou”.

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