Grupo Mello estende-se ao Douro e aos Vinhos Verdes

A dona da marca Ravasqueira entrou no Douro e nos Verdes com a compra de uma quinta e arrendamento de outras duas. Com estes negócios, passa a ser dona da marca de vinho do Porto Krohn.

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Quinta do Retiro Novo (Douro) passa da Fladgate Partnership para o grupo Mello, dono da Ravasqueira, no Alentejo Direitos Reservados
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O grupo José de Mello, dono da marca alentejana Ravasqueira, anunciou esta terça-feira a compra de uma quinta no Douro (Quinta do Retiro Novo) e o arrendamento de longa duração de duas outras quintas, uma na mesma região (Quinta do Côtto) e outra nos Vinhos Verdes (Quinta do Paço de Teixeiró).

A Quinta do Côtto e a Quinta de Paço de Teixeiró​ continuam a ser propriedade da família de Miguel Champalimaud, que as arrendou agora ao grupo Mello num contrato de longa duração.

A Quinta do Retiro Novo era propriedade da Fladgate Partnership e, em consequência da sua aquisição, a nova holding do grupo José de Mello passa a ser dona da Krohn – uma marca de prestígio no mundo do vinho do Porto, em particular de Portos com muita idade.

Numa notícia avançada esta tarde pelo grupo comprador, o presidente executivo, Salvador de Mello, refere que “a criação de uma nova plataforma de negócios WineStone representa mais um passo" na "ambição de crescimento". "Constitui também um desafio para assumirmos, a exemplo de outras áreas de negócio em que estamos presentes, uma posição de liderança no sector do vinho", sublinha.

Com o lançamento da "holding" WineStone, o Grupo José de Mello pretende "estar ao nível dos três maiores operadores" em Portugal até 2030. "Esta opção estratégica é tomada num quadro dinâmico onde conflui em três factores essenciais: o crescimento da Ravasqueira, que foi bastante acentuado na última década, a evolução positiva do sector dos vinhos e, também, claro, a visão do grupo accionista", detalhou, esta terça-feira, o presidente executivo da nova WineStone, Pedro Pereira Gonçalves, num encontro com jornalistas, num hotel em Lisboa.

O responsável da empresa de Arraiolos que está na esfera do Grupo José de Mello desde 1943 apontou que o sector vitivinícola é "altamente fragmentado" e, perante "alguma consolidação", o grupo viu uma oportunidade de "também ser protagonista nessa consolidação do sector".

Objectivo: crescer a dois dígitos

Já o presidente executivo do Grupo José de Mello, Salvador de Mello, apontou como principais objectivos, além da dimensão, um crescimento numa média anual de dois dígitos, exportações a representarem mais de 60% das vendas e o desenvolvimento de novas regiões.

A WineStone, que não revela os valores de aquisição das três quintas que agora passam para a esfera do Grupo Mello, partilha que os objectivos traçados até 2030 deverão ser alcançados à custa de crescimento orgânico e não orgânico. Nas exportações, que quer que venham a representar 60%, serão importantes os mercados dos EUA, Brasil, Reino Unido, Canadá e Alemanha.

Até lá, a nova holding que subir a facturação para cerca de 60 milhões de euros e, para isso, admite mais aquisições. "A componente do crescimento orgânico é muito relevante também, isto não é só crescimento por aquisições, embora façam sentido as aquisições face a um mercado que é muito fragmentado", apontou Salvador de Mello.

Pedro Pereira Gonçalves sublinhou que, apesar das aquisições e das integrações, todas as áreas de produção destes projectos serão mantidas. "Depois, estruturamos de forma a que haja um reporte central, no fundo, à WineStone, e consigamos uma transferência de valores e de objectivos entre cada um dos projectos." O novo proprietário manterá, por isso, as equipas que já trabalham nas quintas do Douro e dos Vinhos Verdes, embora defenda o seu reforço.

Questionado sobre os efeitos de fenómenos climatéricos mais agressivos, como períodos de seca ou inundações, Pedro Pereira Gonçalves apontou que o plano estratégico da holding "reflecte bastante" as preocupações com esses fenómenos. Para tal, explicou que a diversificação e complementaridade das regiões trarão "equilíbrio à execução de cada um dos projectos".

Ainda assim, registou que há uma preocupação "mais efectiva na região do Alentejo", mas saudou o empenho do Governo e do Ministério da Agricultura, que "tentam procurar soluções, todos os anos, para resolver esse tema".

Notícia actualizada no dia 19/10/2023 e corrigida: as quintas do Côtto e do Paço de Teixeiró não foram adquiridas, mas sim arrendadas pelo grupo Mello num contrato de longa duração.

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