Orbán reuniu-se com Putin e insistiu no fim das sanções à Rússia

Primeiro-ministro húngaro e Presidente russo conversaram em Pequim sobre cooperação bilateral nos sectores do gás natural, do petróleo e da energia nuclear. Putin elogiou postura da Hungria.

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Vladimir Putin e Viktor Orbán reuniram-se à margem da cimeira da Nova Rota da Seda, em Pequim EPA/GRIGORY SYSOEV /SPUTNIK / KREMLIN POOL
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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, evidenciou mais uma vez que não está em total sintonia com a posição oficial da União Europeia sobre a invasão russa da Ucrânia e, principalmente, sobre as suas relações com a Federação Russa.

O chefe do Governo húngaro reuniu-se com Vladimir Putin em Pequim, na República Popular da China, e voltou a transmitir ao Presidente russo a sua oposição às sanções económicas que os 27 impuseram a Moscovo. Os dois dirigentes conversaram sobre formas de cooperação bilateral no sector da energia, um dos mais atingidos pelas sanções económicas de Bruxelas.

“O primeiro-ministro Viktor Orbán conversou com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Pequim. Os dois líderes discutiram sobre a cooperação húngaro-russa nos sectores do fornecimento de gás natural e de petróleo e da energia nuclear”, informou o secretário de Estado da Hungria para a Comunicação Internacional, Zoltan Kovacs.

“Durante a reunião, o primeiro-ministro Orbán salientou a importância da paz. Disse que era fundamental, para todo o continente [europeu], incluindo para a Hungria, que o fluxo de refugiados, que as sanções e que os combates terminassem”, acrescentou Kovacs, numa mensagem publicada no X (antigo Twitter).

O Kremlin diz que Orbán explicou a Putin que “a Hungria nunca quis confrontar a Rússia”. E, citado pela Reuters, o Presidente da Rússia manifestou ao líder húngaro que se congratula com as boas relações que o país ainda mantém com a Hungria.

“Apesar de, nas actuais condições geopolíticas, as oportunidades para se manterem os contactos e para se desenvolverem as relações serem muito limitadas, ainda assim, só pode ser motivo de satisfação que as nossas relações com muitos países europeus sejam mantidas e desenvolvidas. Um desses países é a Hungria”, disse Putin a Orbán.

Em resposta à invasão russa da Ucrânia, os 27 proibiram das importações de crude e outros produtos petrolíferos da Rússia para o território europeu, mas permitiram uma “excepção temporária para as importações de petróleo bruto transportado via oleoduto” dos Estados-membros, que, “devido à sua situação geográfica, sofrem de uma dependência específica do aprovisionamento russo e não têm opções alternativas viáveis”.

Importante consumidora de combustíveis fósseis russos – e com projectos relevantes em território nacional de empresas russas como a Gazprom (gás) ou a Rosatom (nuclear) –, a Hungria tem liderado, através do primeiro-ministro húngaro, a oposição de alguns países da UE a sanções mais robustas à energia russa.

A última vez que Putin e Orbán se tinham reunido presencialmente foi no início de Fevereiro do ano passado, cerca de três semanas antes de a Rússia invadir a Ucrânia.

O encontro na capital chinesa decorreu à margem da terceira edição do Fórum da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative ou BRI, de acordo com a designação oficial chinesa), uma cimeira de comemoração do décimo aniversário do lançamento do megaprojecto chinês de investimento e infra-estruturas, que tem em Orbán o único representante da UE.

Para quarta-feira está prevista uma reunião de alto nível entre Vladimir Putin e Xi Jinping, Presidente chinês.

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