Modelos Bella e Gigi Hadid, de origem palestiniana, alvos de ameaças

Todos os membros do clã Hadid terão recebido ameaças por e-mail e telefone, de acordo com o site TMZ. Gigi Hadid declarou que ser pró-Palestina não é o mesmo que ser anti-semita.

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Gigi Hadid: "Condenar o Governo israelita não é anti-semita e apoiar os palestinianos não é apoiar o Hamas" Reuters/Shannon Stapleton/Arquivo
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As modelos Bella e Gigi Hadid, o irmão, Anwar, e os pais, Mohamed e Yolanda, têm recebido ameaças de morte, noticia o site de entretenimento TMZ, citando fontes próximas da família que não identifica.

As mensagens estão a chegar desde o início do conflito no Médio Oriente, após o ataque do Hamas contra Israel, que respondeu com uma ofensiva sobre a Faixa de Gaza, governada pelo grupo radicalizado. Até à data, contabilizam-se 1400 mortos em Israel e 2800 em Gaza, segundo o balanço mais recente, além de mais de 11 mil feridos confirmados pela Organização Mundial de Saúde.

Inicialmente, e face às atrocidades resultantes do ataque surpresa do Hamas, a 7 de Outubro, Bella e Gigi, conhecidas apoiantes do movimento pela libertação da Palestina e seguidas por milhões nas redes sociais, foram amplamente criticadas pelo silêncio. Depois, todos os membros da família terão sido vítimas de doxxing (prática de tornar públicos dados privados sem consentimento), com os respectivos números de telefone a serem divulgados na Internet. E, depressa, começaram a receber mensagens ameaçadoras de pessoas anónimas.

Ainda segundo o TMZ, o pai das modelos, um promotor imobiliário norte-americano, está a levar as ameaças a sério e a considerar envolver o FBI. Desde o ataque do Hamas, que resultou ainda em centenas de reféns levados para Gaza, têm-se verificado ataques a comunidades muçulmanas: nos EUA, uma criança de 6 anos foi morta à facada no que as autoridades dizem ter sido um crime de ódio relacionado com os eventos no Médio Oriente.

Entretanto, Gigi Hadid publicou uma declaração sobre os acontecimentos actuais, na qual se manifesta solidária “com todos aqueles que estão a ser afectados por esta injustificada tragédia”. Por um lado, a modelo destacou a empatia que sente pela “luta palestiniana e por uma vida sob ocupação”, mas por outro destacou a responsabilidade pelos seus amigos judeus. “Sendo que tenho esperanças e sonhos para os palestinianos, nenhum deles inclui o sofrimento de um judeu”, frisou, destacando que ser pró-Palestina não é igual a ser anti-semita.

Porém, uma entrada nas histórias do Instagram no último fim-de-semana, em que Gigi afirma que “não há nada de judeu no tratamento dado pelo Governo israelita aos palestinianos”, concluindo que “condenar o Governo israelita não é anti-semita e apoiar os palestinianos não é apoiar o Hamas”, chamou a atenção de Telavive.

A conta oficial do Estado de Israel no Instagram criticou a declaração de Hadid, começando por escrever “não há nada de valioso no massacre de israelitas pelo Hamas”. E continua: “Condenar o Hamas pelo que ele é (ISIS) não é anti-Palestina e apoiar os israelitas na sua luta contra terroristas bárbaros é a coisa certa a fazer.” De forma mais directa, na legenda lê-se: “@gigihadid, tens andado a dormir na última semana? Ou não te importas de fechar os olhos aos bebés judeus que são chacinados nas suas casas? O teu silêncio tem sido muito claro sobre a tua posição. Estamos a ver-te.”

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DR/Instagram

Pouco depois, noutra publicação em que se vê a imagem de sangue no chão junto a brinquedos, Israel marcou Gigi Hadid, instigando: “Se não condenares isto, as tuas palavras não significam nada.”

A ligação das supermodelos à Palestina vem da parte do pai. Mohamed Anwar Hadid, conhecido por construir hotéis e mansões de luxo, sobretudo no bairro de Bel Air, em Los Angeles, nasceu em Novembro de 1948, em Nazaré, em plena Primeira Guerra Árabe-Israelita — iniciada em Maio de 1948, após a declaração de independência de Israel. Ainda antes do final desse ano, a família fugiu do território, tornando-se refugiada na Síria e emigrando depois para os EUA.

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