Jornadas do PSD arrancam com ataque ao PS das “bancarrotas” e do “luso comunismo”

O antigo ministro Luís Mira Amaral foi o convidado de honra da tarde. Disse que Portugal estava “num mix terrível” entre “estagnação económica” e “economia aberta ao exterior”.

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“Nem a copiar são bons, mas vão fazendo alguma coisinha quando olham para as propostas do PSD”, disse Hugo Soares, referindo-se ao PS Daniel Rocha
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No arranque das jornadas parlamentares do PSD, Hugo Soares, secretário-geral do partido, acusou o PS de eleitoralismo, de copiar as propostas dos sociais-democratas e disse não aceitar “lições” de “contas certas” de um partido que “já por três vezes levou o país às portas da bancarrota”. Luís Mira Amaral, antigo ministro nos governos de Cavaco Silva, lamentou que o PS já não seja social-democrata e tenha agora aderido ao “lusocomunismo”.

Coube a Joaquim Miranda Sarmento, líder do grupo parlamentar do PSD, abrir e enquadrar os trabalhos, que começaram nesta segunda-feira na Sala do Senado, no Parlamento. “São o kick-off [pontapé de saída] de um trabalho orçamental que implica debates, audições a ministros e outras entidades (…) para a construção de mais alternativas ao Governo socialista.”

Dado o pontapé de saída, Hugo Soares seguiu com a bola para o ataque: recordando que o PSD já vinha a propor a “baixa do IRS há muito tempo”, defendeu que o facto de agora o PS o fazer é, no fundo, “uma espécie de baixar a máscara”. “Diziam que não podiam baixar o IRS [proposto pelo PSD] porque não tinham folga orçamental — afinal, não era um problema orçamental, era um problema eleitoral. Querem baixar o IRS em ano de eleições europeias. Nem a copiar são bons, mas vão fazendo alguma coisinha quando olham para as propostas do PSD”, acrescentou.

Para o antigo líder parlamentar do PSD, o PS “baixa o IRS, mas com as duas mãos vai aos impostos indirectos”, dando o exemplo do Imposto Único de Circulação (IUC) — que, defende, “atinge quem mais tem dificuldades e menos precisa de pagar impostos indirectos”.

E, uma vez que o Orçamento do Estado foi desenhado por um Governo do PS, não aceita as “lições de contas certas” que estes querem dar. “Um partido que, já por três vezes, levou o país às portas da bancarrota: quer com [Mário] Soares, [António] Guterres e [José] Sócrates”, acusou o secretário-geral do PSD, acrescentando que as “contas certas” devem ser a “obrigação de qualquer governo”.

O “lusocomunismo” do PS

Mira Amaral foi um dos convidados da tarde. Numa intervenção de cerca de uma hora, o antigo ministro cavaquista chamou ao primeiro-ministro e ao actual PS “lusocomunistas” ou “eurocomunistas”, afirmando que abandonaram a social-democracia do “tempo de Soares”.

Tecendo considerações sobre política em geral — antes de se debruçar sobre tecnicismos, nos quais se demorou —, disse que Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infra-Estruturas e da Habitação e actual deputado do PS, tinha “paciência” para o Bloco de Esquerda, ao contrário do primeiro-ministro. Considerou que Portugal estava “num mix terrível” entre “socialismo e estagnação económica”, por um lado, e “economia aberta ao exterior”, por outro. “Os estrangeiros vêm a Portugal e compram os melhores activos, os quais não temos dinheiro para comprar. (…) O que cá se passa é culpa nossa e não dos estrangeiros.”

Aderiu ainda à crítica que Hugo Soares havia feito ao agravamento dos impostos indirectos que consta da proposta orçamental do Governo e disse que o ministro da Economia, António Costa Silva, era um “ministro do Ambiente dois”. “Chamo-lhe o ministro do Ambiente e da agitação climática”, disse. Por fim, dirigindo-se aos parlamentares do PSD presentes na Sala do Senado, defendeu que os portugueses só vêem no PSD “a única alternativa concreta e livre”, pelo que “têm uma responsabilidade muito grande”.

As jornadas parlamentares do PSD decorrem entre segunda e terça-feira. Serão encerradas pelo presidente do PSD, Luís Montenegro.

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