Roberto Martínez não sabe o que é perder nos apuramentos

Seleccionador de Portugal tem três partidas para alcançar o seu melhor registo numa qualificação para a fase final de um grande torneio de nações.

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O seleccionador num treino, este domingo, no estádio Bilino Polje, na cidade bósnia de Zenica JOSE SENA GOULAO/EPA
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Se há algo que o treinador Roberto Martínez pode relevar na sua carreira como seleccionador é o facto de, até hoje, nunca ter perdido qualquer partida de qualificação para a fase final de um grande torneio. Entre a Bélgica – que orientou de 2016 a 2022 – e Portugal, o espanhol disputou 35 partidas, permitindo apenas três empates e vencendo destacadamente os grupos onde esteve inserido. Uma marca que os três adversários que restam à selecção nacional ainda podem interromper, a começar esta segunda-feira à noite pela Bósnia.

Como técnico dos belgas, Martínez começou a dar nas vistas na qualificação para o Mundial 2018. Num grupo que incluía Grécia, Chipre, Bósnia, Estónia e Gibraltar, o técnico viu a sua equipa ceder somente um empate, frente aos gregos (1-1). No final, tinha carimbado a presença na fase final na Rússia, com uns impressionantes 43 golos marcados (média de 4,3 por encontro) e seis sofridos.

Seguiu-se a qualificação para o Euro 2020, ainda mais imaculada do que a anterior. Com a Rússia, Escócia, Chipre, Cazaquistão e São Marino pela frente, a Bélgica venceu todas as partidas, assinando 40 golos (média de quatro por jogo) e sofrendo três.

Pouco problemático foi ainda o apuramento para o Mundial 2022, que seria de má memória para o seleccionador. País de Gales, Rep. Checa, Bielorrússia e Estónia foram os oponentes, acabando por impor dois empates aos belgas: Rep. Checa (1-1) e País de Gales (1-1).

No final, os números foram comparativamente mais modestos, com 25 golos (3,1 por encontro) apontados e seis sofridos. Martínez sairia do comando da selecção belga no final do torneio disputado no Qatar, sendo pouco tempo depois o escolhido da Federação Portuguesa de Futebol para suceder a Fernando Santos.

E quando falta ainda a Portugal disputar três partidas até ao final da qualificação para o Euro 2024, com a garantia de já ter os dois pés na Alemanha no Verão do próximo ano, o treinador tem ainda condições para superar o seu melhor registo, na qualificação para o Euro 2020.

Com 27 golos marcados (ao ritmo de quase 3,9 por encontro) e dois sofridos (todos no último encontro com a Eslováquia), a equipa nacional vai ainda medir forças com o Liechtenstein (a 16 de Novembro), no principado, e com a Islândia (19 de Novembro), com o apoio do seu público, juntando-se a estas duas a partida desta noite com os bósnios. Encontros onde são esperados e desejados golos dos portugueses, até porque já não existe a pressão da qualificação.

E as goleadas têm sido frequentes nas duas selecções treinadas por Roberto Martínez – com números de antigamente. Na qualificação para o Mundial 2018, a Bélgica impôs um 9-0 a Gibraltar, o mesmo número de golos marcados recentemente por Portugal frente ao Luxemburgo, que já tinha brindado com 6-0, num total de 15 golos sem resposta apontados ao conjunto do grão-ducado.

Não foram propriamente excepções. Ainda no apuramento para o Mundial da Rússia, com a Bélgica, bateu a Estónia por 8-1 e Gibraltar por 6-0. Na qualificação para o Euro 2020, São Marino foi brindado também com um 9-0, somando-se ainda um 6-1 a Chipre. Na corrida para o Mundial 2022, a Bielorrússia foi a vítima, com um 8-0, somando-se ainda um mais modesto 5-2 à Estónia.

O reverso da medalha para o seleccionador espanhol têm sido as fases finais das grandes competições, até agora sempre ao serviço da Bélgica. Os resultados vêm em decrescendo. Atingiu as meias-finais no Mundial 2018 – tendo afastado o Brasil nos quartos-de-final (2-1) –, acabando travado pela França que haveria de se sagrar campeã. No Euro 2020, caiu nos quartos-de-final com a Itália (2-1), após deixar pelo caminho os portugueses de Fernando Santos (1-0).

Mas o pior viria com o último Mundial, no Qatar, em que ficou pela fase de grupos, com uma vitória frente ao Canadá (1-0), uma derrota com Marrocos (2-0) – que seria também o carrasco de Portugal – e um empate a zero com a Croácia. Resultados que levaram muitos belgas a criticar o que chamaram desperdício de uma das melhores fornadas de futebolistas talentosos na história do país.

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