Bloco chama “mentiroso” a Moedas após autarca dizer que o partido defendeu o Hamas

Apesar de condenar os crimes de guerra levados a cabo pelo Hamas, o Bloco continua sem esclarecer se considera que esta é uma organização terrorista.

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Carlos Moedas "não está à altura do cargo que ocupa", considera Pedro Filipe Soares Rui Gaudencio
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O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, acusou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, de mentir ao dizer que os partidos de esquerda defenderam os ataques levados a cabo pelo Hamas contra Israel. Para os bloquistas, Moedas "não está à altura do cargo" que actualmente desempenha.

"Carlos Moedas fez acusações inaceitáveis sobre o Bloco de Esquerda. E mostrou ser um político mentiroso, porque acusou o Bloco de Esquerda de coisas que ele sabe que não são verdade", começou por dizer, esta quinta-feira, o bloquista aos jornalistas na Assembleia da República.

Isto "prova que não está à altura do cargo que ocupa", porque "os valores que o deveriam nortear no espaço democrático não estão presentes na sua conduta", acrescentou.

Em causa estão as declarações de Carlos Moedas à SIC Notícias na passada quarta-feira que, ao falar sobre os ataques do Hamas a Israel, afirmou que "vemos partidos de esquerda a defender organizações terroristas que decapitam bebés e violam mulheres". E ainda que "não vemos certos partidos em Portugal a dizer que o Hamas é uma organização terrorista", precisando depois que se referia ao Bloco e ao PCP.

O Bloco "desde a primeira hora condenou o massacre de civis, os crimes de guerra levados a cabo pelo Hamas contra israelitas ou pessoas de outras nacionalidades. Fizemo-lo com a mesma veemência com que condenamos os crimes de guerra perpetrados por Israel. Não temos dois pesos e duas medidas", disse Pedro Filipe Soares.

No entanto, quando questionado sobre se o Bloco considera o Hamas um grupo terrorista, o líder parlamentar não respondeu directamente, remetendo para a posição defendida por António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU): "Guterres já diversas vezes se dirigiu ao mundo sobre este tema" e reconheceu que "crimes de guerra estão a ser levados a cabo... e nós subscrevemos."

"Se há uma guerra, os crimes perpetrados nessa guerra são considerados crimes de guerra... O que o Bloco disse desde o início é que reconhece que o Hamas cometeu crimes de guerra nas acções que levou a cabo", clarificou.

Segundo Pedro Filipe Soares, o BE respeita a lei internacional, condena crimes de guerra e o uso de civis como instrumento. Por esse motivo, o partido acompanhará "todas as manifestações que apelem aos princípios basilares defendidos pela ONU e Guterres: apelar à paz e ao cessar-fogo, apelar ao regresso à mesa das negociações e a que a lei internacional seja cumprida", elencou.

Na passada quarta-feira, no Parlamento, o ataque do Hamas a Israel foi tema de debate e mereceu condenação por parte de todos os partidos à excepção do PCP. No mesmo dia, entre as 19h30 e as 24h, a fachada da Assembleia da República esteve iluminada com as cores da bandeira israelita.

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