Moedas mantém festa pelo 25 de Novembro, apesar de voto contra da oposição

Presidente da Câmara de Lisboa anunciou no 5 de Outubro que vai comemorar o 25 de Novembro de 1975. Voto de condenação da oposição não demove Moedas.

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Carlos Moedas com Marcelo Rebelo de Sousa nas comemorações do 5 de Outubro LUSA/TIAGO PETINGA
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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, mantém a decisão de a autarquia alfacinha comemorar a derrota da tentativa de golpe de Estado de 25 de Novembro de 1975, apesar de a oposição no município ter aprovado um voto de condenação contra esta medida.

No dia 5 de Outubro, no discurso como anfitrião das comemorações dos 113 anos da Implantação da República, Carlos Moedas anunciou a “grande iniciativa” de festejar o 25 de Novembro de 1975 porque “todas as datas contam”. Salientou mesmo que há “datas que se tornam símbolos”, que podem ser reduzidos “a meros ritos cerimoniais, repetitivos e rotineiros” ou “datas lembradas no papel, mas sentidas com apatia pelas pessoas”.

Quem não gostou deste anúncio foram os partidos da oposição na CML, que têm a maioria dos votos na autarquia, e na reunião de câmara da passada quarta-feira aprovaram um voto de condenação a esta decisão proposto pelo PCP.

Já depois desta votação, Carlos Moedas, em entrevista à SIC Notícias na noite desta quarta-feira, confirmou que mantém a decisão de celebrar o 25 de Novembro. Já nesta quinta-feira essa determinação foi confirmada ao PÚBLICO por responsáveis do executivo da autarquia. O autarca anunciou mesmo na SIC como parte das comemorações uma homenagem aos dois militares mortos durante a tentativa falhada de golpe de Estado.

No texto do PCP, aprovado também pelo PS, BE e Cidadãos por Lisboa, é manifestada a surpresa pelo anúncio feito pelo presidente da CML. A anunciada intenção, mais do que assinalar uma data, constitui uma tentativa de menorizar a dimensão e significado da Revolução de Abril, das suas conquistas e valores, num momento em que se iniciaram as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”, é escrito.

É ainda acrescentado que o que “transparece com este anúncio, acima de tudo, é um incómodo com Abril, com a liberdade, a democracia e o progresso social que Abril nos trouxe”. Acusam também Moedas de usar “o 25 de Novembro e as falsificações que, a partir de determinados sectores, a seu propósito se tornaram correntes para encobrir aqueles que não perdoam que os militares de Abril e o povo português tenham posto fim ao fascismo”.

Por isso propuseram que a Câmara Municipal de Lisboa “delibere opor-se à intenção do senhor presidente da CML em comemorar o 25 de Novembro e a consequente tentativa de menorizar o 25 de Abril quando se assinalam 50 anos da Revolução”.

A 25 de Novembro de 1975, depois de meses de muita tensão entre sectores da então chamada esquerda radical e outros partidos, esta esquerda tentou um golpe de Estado com o apoio de alguns militares, que acabou por ser frustrado por outros membros das Forças Armadas que se encontravam com o “Grupo dos nove” de Melo Antunes, apoiados por um plano militar liderado por Ramalho Eanes.

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