Presidente da República condecora “lobos” e esquece campeões do mundo
João Ribeiro manifestou publicamente o seu descontentamento com o “esquecimento” de Marcelo de Rebelo de Sousa.
É mais uma voz a mostrar descontentamento com os critérios do Presidente da República na recepção e condecoração a desportistas nacionais no Palácio de Belém. Poucas horas após a selecção nacional de râguebi ter sido recebida e condecorada por Marcelo Rebelo de Sousa depois da sua participação no Mundial - onde somou uma vitória, um empate e duas derrotas, sendo eliminada na fase de grupos -, o canoísta João Ribeiro, campeão mundial em K2 500m no final do mês de Agosto, em Duisburgo, Alemanha, juntamente com Messias Baptista, não calou a sua tristeza.
“A demagogia faz parte da sociedade, é inato do ser humano que de uma maneira irracional leva a uma constante procura da aprovação do outro, estranho é quando de uma maneira racional e lógica cometem-se erros na governação de uma sociedade, que só por si é injusta pelas oportunidades de uns e a falta de oportunidade de outros. A mentira e oportunismo de num momento de relevo nacional e internacional dizer que se merece, pelo percurso, pela batalha e constante procurar do melhor resultado para o nosso país e, no momento certo, não ter a decência de condecorar dois campeões do mundo”, escreveu nesta quinta-feira o canoísta na sua conta pessoal de Instagram.
Contactado pelo PÚBLICO, João Ribeiro confirmou a sua tristeza com a situação e confessou não perceber a razão para esta diferença de tratamento. “Não faz sentido nenhum. Quando fomos campeões do mundo, recebemos um telefonema do Presidente da República, dizendo que em breve estaríamos juntos, mas nunca mais houve nada”, disse o canoísta, que explicou que o seu sentimento de injustiça é partilhado por Messias Baptista e fez questão de frisar que este seu desabafo público nada tem a ver com a distinção que Fernando Pimenta, outro canoísta e igualmente campeão do mundo na prova disputada na Alemanha, recebeu também nesta quarta-feira das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa.
Já em Agosto, a diferença de tratamento que as duas comitivas nacionais presentes em Mundiais (de futebol feminino e de natação) tiveram por parte do Presidente da República, originou críticas: “Não estou a criticar o Presidente. Ele não tem obrigação de saber todos os resultados dos atletas nacionais, mas sim dos assessores que trabalham para a presidência da república”, declarou, na altura, o líder da natação portuguesa, António José Silva, que subscreveu as críticas recentes feitas por Vítor Félix, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, que falou daquilo que designou ser a “promoção e fomento da monocultura desportiva” em Portugal.