O Illegal Planet de Rita Braga: viagem irresistível em som e imagem

O novo álbum desta viajante, inventora de novos mundos, é electrónica de film noir, fantasia de ficção científica, mambo intergaláctico. A realidade tal como ela é, do outro lado do espelho.

Foto
Rita Braga Fernando Martins

“Não tem de compreender, tem de acreditar”, diz Heurtbise a Orfeu, este de mãos postas no espelho, receoso de dar o passo decisivo. Ele acredita. Avança. Ei-los do outro lado do espelho no filme de 1950 de Jean Cocteau. E eis Rita Braga em preto e branco expressionista, chave na mão, também perante um espelho, porta espelhada num jardim misterioso. Roda a chave e avança. Ouve-se o saxofone de mistérios e perigos noir, o sintetizador da melodia intrigante, o andamento mecânico da caixa de ritmo. “Nothing came from nowhere / Longing, I wait for you”, ouvimos no tom encantatório da voz. O outro lado do espelho a ganhar vida na música e no vídeo realizado pela pintora e artista visual Marija Reikalas, lituana radicada no Porto. Acreditamos.

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