Bernardo Lobo celebra com Bons Ventos 50 anos de vida e 30 de carreira

Cantor e compositor brasileiro, radicado em Portugal desde 2014, lança esta terça-feira o seu oitavo álbum, Bons Ventos, com produção e participação de Marcelo Camelo.

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Bernardo Lobo Arthur Berbat
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Chega esta terça-feira às plataformas digitais mais um álbum de Bernardo Lobo, cantor e compositor brasileiro que desde 2014 passou a residir em Portugal. Chama-se Bons ventos, vai ter edição em CD pela Biscoito Fino e, diz Bernardo ao PÚBLICO, “quem sabe, em vinil. Eu queria muito”. A estreia, ao vivo, deverá ocorrer em Londres, em Novembro. “E quero fazer em Portugal, com certeza, mas vamos deixar o disco rolar um pouquinho. Não sei ainda se faço em Dezembro ou se em Janeiro ou Fevereiro. Mas será por aí.”

Nascido no Rio de Janeiro, em 9 de Setembro de 1972, filhos de dois grandes nomes da música popular brasileira, Edu Lobo e Wanda de Sá, Bernardo fixou-se em Lisboa desde 2014, mas a partir de Dezembro de 2022 mudou-se para a Margem Sul, primeiro para Alfarim e depois para a aldeia do Meco, numa casa onde montou um o seu estúdio. O disco que agora é lançado chegou a ser pensado como Itinerários, título que até deu nome a um concerto de pré-apresentação no Samambaia, em Junho de 2021. Mas quando Bernardo começou a trabalhar com Marcelo Camelo (Los Hermanos, Banda do Mar), que viria a tornar-se produtor do álbum, não só mudou o título como o próprio conceito do disco.

Itinerários ficou, assim, para trás, abrindo caminho para Bons Ventos, canção nascida nesse processo, como explica Bernardo: “Bons ventos apareceu no caminho, quando comecei a trabalhar com ele. A gente estava no estúdio, a ver as músicas mais comunicativas, que eu queria para esse álbum, e um dia fiz essa canção. Mostrei pro Marcelo, ele adorou, disse que era exactamente aquilo de que tínhamos falado. E no final é passou a nome do disco.”

Bons ventos é, aliás, a única canção do disco integralmente da autoria de Bernardo Lobo, já que as restantes sete são fruto de diferentes parcerias. Três já vinham de trás, Do Rio de Janeiro (escrita com Mú Chebabi), No Leblon (com Edu Krieger) e Arrebentação (com Moyseis Marques). “Na primeira dessas três, a gente mexeu na letra. Havia uma referência a África, mas o Mú passou a falar mais de mim, da minha história, do Rio de Janeiro até Lisboa. No Leblon já estava feita desde 2008-2009, mas nunca a gravei nem toquei ao vivo. Estava completamente inédita.” Tal como o samba Arrebentação, que veio do baú das inéditas, ainda que tenha sido composta mais tardiamente, já em Portugal, por volta de 2017.

Em termos de parcerias, há aqui uma estreia: Nelson Motta. “Ele mandou uma mensagem dizendo que estava na hora de a gente virar parceiros. Porque a minha mãe [a cantora Wanda de Sá] estava na altura produzindo um disco, eles tinham-se encontrado e falado e ele pediu para lhe mandar três músicas que ele escolheria uma. Eu sempre tenho músicas nos meus baús, mas na altura não tinha nenhuma e fui fazer. Sentei, peguei o violão e em dois dias fiz três músicas. Mandei pra ele e ele escolheu essa, meio samba bossa, e fez a letra.” O título é D.R., sigla que em Portugal é usada muitas vezes para assinalar “Direitos Reservados”, mas na gíria brasileira quer dizer “Discutindo Relacionamento” ou “Discutir Relação”, e é usada em frases relativas a crises conjugais (exemplo: “Vou ter uma DR com a minha mulher”).

Mas o nome quem mais aparece nas autorias das canções deste disco, logo a seguir ao de Bernardo, é o de Tiago Torres da Silva, autor das letras de três canções: Vai e vem (com música de Bernardo em parceria com Humberto Araújo), Na palma da mão e Da janela. “Eu estava fazendo muita música com o Tiago, uma atrás da outra”, recorda Bernardo. “E quando fiz esse música com o Humberto, resolvemos mandá-la pra ele. E as outras foram na mesma leva. Adoro as letras dele. Fiz mais de dez, com o Tiago, tanto que ele queria que eu fizesse um disco só com músicas nossas. Mas como tenho outros parceiros, ficou assim.”

Bons ventos é o oitavo álbum de Bernardo Lobo, assinalando 30 anos de carreira e 50 de vida do seu autor. No Brasil, gravara quatro álbuns (Nada Virtual, 2000; Sábado, 2006; Sábadovivo, 2008; e Valentia, 2012) a que vieram juntar-se, já em Portugal, C’Alma (2018), Uma Viola Mais que Enluarada (2019) e Zambujeira (2021), com Pablo Lapidusas.

Ao lado de Bernardo Lobo (voz e violões, nylon e aço) e Marcelo Camelo (guitarra, piano, melotron, baixo, bateria e percussão), participam no disco Humberto Araújo (flauta, sax), Luciano Maia (sanfona), João Ventura (piano), Ive Greice (voz convidada em D.R.) e, nos coros, Juca Cunha, Paula Cury, Marília Schanuel, Domingas Mascarenhas e João Ventura.

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