Partido europeísta pró-Ucrânia lidera sondagens à boca das urnas na Eslováquia

Não será fácil para ninguém formar governo, mas a vitória no país de 5,5 milhões de habitantes parece ter escapado ao veterano Roberto Fico, pró-Rússia.

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Reuters/RADOVAN STOKLASA
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O eurodeputado eslovaco Michal Simecka, um dos vice-presidentes do Parlamento Europeu, de 39 anos, lidera a sondagem à boca das urnas divulgada pela TV Markíza quase uma hora depois do fim da votação que o opôs ao antigo chefe de Governo, Roberto Fico. Antes das eleições, os inquéritos de opinião apontavam para um empate técnico, pelo que o partido Eslováquia Progressista só pode ter ficado contente com os 23,5% de votos que esta sondagem lhe atribui.

Logo depois, com 21,9%, surge o partido Smer, do nacionalista Fico, que fez uma campanha dominada por um discurso pró-russo e marcada ainda pela retórica anti-LGBTQI.

Mas como era esperado, os primeiros dados das eleições legislativas deste sábado na Eslováquia não permitem traçar um retrato claro sobre o futuro da governação do pequeno país da União Europeia, com 5,5 milhões de habitantes e 4,4 milhões de eleitores. Em terceiro lugar, e a bastante distância dos restantes partidos, fica o partido Hlas, uma cisão do Smer liderado pelo ex-primeiro-ministro Peter Pellegrini.

Apesar de o Hlas ser um partido mais moderado e europeísta é considerado demasiado próximo do Smer para ser uma opção de aliança para Michal Simecka.

Com seis partidos estreantes e vários ex-chefes de governo na corrida, adivinha-se um Parlamento fragmentado. A sondagem à boca das urnas mostrava pelo menos três formações pouco acima ou abaixo dos 5%, o mínimo eleitoral de votos para ter representação parlamentar.

Um dos partidos que se pode vir a revelar fundamental é o Partido Nacional Eslovaco, disse ao jornal britânico The Guardian Milan Nic, analista do German Council on Foreign Relations, precisamente um dos que rondava os 5%. “Os seus 9-10 mandatos mudariam a aritmética parlamentar a favor de Fico”, explicou.

Antes do voto, o Eslováquia Progressista, pró-União Europeia e pró-NATO, prometeu continuar com a ajuda à Ucrânia, melhorar o sistema de saúde e educativo e travar a fuga de cérebros. Mas esta foi uma campanha tóxica.

A analista e directora do Instituto de Política de Bratislava Viera Zuborova diz que esta foi a campanha “mais violenta” que já viu: “A quantidade de discurso de ódio, notícias falsas e desinformação foi tremenda”, afirmou ao diário espanhol El País.

A violência também foi física, com o ex-primeiro-ministro Igor Matovic (2020-2021), que apareceu numa conferência de imprensa do Smer com uma carrinha com altifalantes e aos gritos de “mafioso”, a envolver-se numa troca de murros com o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Fico Robert Kalinak.

Com quatro primeiros-ministros em cinco anos, a Eslováquia chegou a estas eleições depois de uma moção de censura contra a coligação de centro-direita, em Dezembro, e da demissão do primeiro-ministro, o centrista Eduard Heger, em Maio (até então permanecia como chefe de governo interino). A verdade é que desde 2020, com a saída de Fico, têm-se sucedido crises, alimentadas tanto por lutas internas como pela pandemia de covid-19 e pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

Fico dirigiu três governos até que foi obrigado a demitir-se, em 2020, face aos grandes protestos motivados pelo assassínio do jornalista de investigação Jan Kuciak e da sua namorada, Martina Kusnirova, dois anos antes – o casal investigava casos de corrupção ligados a Fico e ao seu executivo.

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