Mais de 1500 utentes internados a aguardar vaga em lares ou cuidados continuados

Segundo dados apresentados pelo Director executivo do SNS, a 31 de Agosto deste ano, o maior número de utentes em internamento inapropriado aguardava por uma vaga nos cuidados continuados.

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Daniel Rocha
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Até ao final de Agosto estavam internados nos hospitais 1583 utentes à espera de uma vaga numa unidade de cuidados continuados ou numa estrutura social, como as estruturas residenciais para idosos, segundo dados divulgados pelo director executivo do SNS. Fernando Araújo afirmou que o número de respostas a pessoas idosas tem aumentado e que está a preparado um novo modelo de gestão que prevê a integração de todas as tipologias de cuidados.

“Dados referentes a internamentos inapropriados nos hospitais a 31 de Agosto, a aguardar resposta exclusiva social encontravam-se 580 utentes”, dos quais “244 no Norte, 284 em Lisboa [e Vale do Tejo] e os outros das restantes regiões”, referiu o director executivo do SNS, em declarações na Comissão Parlamentar de Saúde no âmbito de um requerimento do PSD sobre os chamados internamentos sociais. São casos de utentes que permanecem nos hospitais apesar de já terem alta clínica, enquanto aguardam por uma outra resposta.

Desde o início do ano até ao final de Agosto, adiantou Fernando Araújo, já tinham sido “colocados em resposta social 1043 utentes”, dos quais 168 ao abrigo de uma portaria criada em Fevereiro que pretendeu agilizar a colocação de utentes indevidamente internados em respostas sociais.

“Os utentes colocados em resposta social de internamento tem vindo a aumentar de Março de 2020, sendo que em 2020 foram colocados 1251 e até 22 de Setembro de 2023 já tinham sido colocados 1118, significando um crescimento com a uma média 132 utentes por mês em termos de colocação”, acrescentou.

Quanto à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, “os utentes a aguardar vaga a 31 de Agosto deste ano eram 1003, dos quais 494 no Norte, 289 em Lisboa e os outros nas restantes regiões. Relativamente esta rede, tinham sido admitidos este ano, de Janeiro a Agosto, 27.245 utentes, uma média mensal de 3400 utentes que são colocados nas várias respostas dos cuidados continuados”, contabilizou Fernando Araújo.

O director executivo do SNS referiu que de 2015 a 2022, os utentes admitidos na rede passaram de 35.735 para 37.839 e que este ano, a previsão é que a rede dê resposta a mais de 40 mil utentes. A oferta de lugares tem aumentado todos os anos”, disse, referindo que actualmente a rede tem 15.9059 lugares. Destes, 9844 em internamento e 5884 em domicílio.

Fernando Araújo lembrou que até ao final do ano prevê-se um crescimento de 500 camas, das quais 130 já estão autorizadas. Ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “está previsto o crescimento de 5500 lugares de internamento, dos quais 1000 até Dezembro de 2024 e 4500 até Dezembro de 2025”.

Para o director executivo, o Governo está a “apostar numa política pública de protecção social de pessoas idosas” e por isso “ter reforçado” a resposta para pessoas idosas não só através da rede de cuidados continuados mas “também de programas específicos, como o programa de alargamento da rede de equipamentos sociais”.

Fernando Araújo reforçou que está a ser feito um “trabalho conjunto” entre as áreas da saúde e do sector social e que “está em curso a preparação de uma proposta de um novo modelo de gestão, que deve equacionar a integração de toda a tipologia de cuidados com foco no utente e nas suas necessidades”.

Fernando Araújo foi questionado sobre a discrepância de dados com os apresentados pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, através do Barómetro dos Internamentos Sociais. O responsável explicou que o barómetro foi feito em colaboração com a Direcção Executiva do SNS e que se trata de duas “fotografias” em dois momentos diferentes. O barómetro recolheu dados de um dia de Março e os apresentados agora são de 31 de Agosto.

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