Chega critica mudanças de opinião de Costa sobre propriedade da TAP
Partido levou o dossier da privatização da TAP ao plenário, mas nenhum outro partido se pronunciou sobre o tema que vai ao Conselho de Ministros desta quinta-feira.
Na véspera de o dossier da privatização total da TAP ir ao Conselho de Ministros, nenhum partido aceitou o repto do Chega para discutir o assunto no Parlamento. Os deputados das restantes bancadas deixaram o Chega a falar sozinho na declaração política que fez esta quarta-feira à tarde no plenário. Depois de desfiar o historial das posições de António Costa sobre a privatização e a nacionalização da transportadora aérea, Filipe Melo defendeu que o primeiro-ministro "deve dizer a quem, por quanto e quando vai ser vendida a empresa portuguesa mais estratégica que alguma vez tivemos".
O deputado do Chega recordou que em 2011, quando António Costa era presidente da Câmara de Lisboa, dizia que a TAP não devia ser privatizada "mas sim integrada numa grande companhia latino-americana", e que ser vendida à British Airways ou à Iberia "seria uma perda". Em Junho de 2015, quando já era secretário-geral do PS, "dizia que a TAP estava a ser usada como factor de confrontação política e que era um escândalo ter sido vendida por valores inferiores aos do mercado de jogadores de futebol". "E hoje por quanto vai ser vendida?" questionou-se Filipe Melo.
No mesmo ano, mas em Dezembro, quando já era primeiro-ministro, António Costa prometeu retomar o capital da companhia aérea para a esfera pública, "com ou sem o acordo dos privados", e acabou por nacionalizar 51%. Em 2020, o chefe do Governo garantia que a empresa estava "a caminho de uma situação estável que assegurava que Portugal mantinha a sua companhia aérea, fundamental para a continuidade do território, para a ligação ao mundo e para o desenvolvimento económico do país".
"Tudo vale; tudo são argumentos para o Estado ficar com a TAP (...) Perguntamos: e hoje, já nada disto é necessário?", provocou o deputado do Chega, lembrando que no início deste ano o primeiro-ministro admitiu que se entraria "numa fase de alienação total ou parcial da empresa". Há uma semana, no debate da moção de censura do Chega ao Governo, António Costa anunciou que a privatização da TAP iria esta semana a Conselho de Ministros e admitiu que, com alguma segurança, a intenção é a venda total da companhia.
"Muda de opinião conforme o vento político", criticou Filipe Melo, que não se coibiu de repescar episódios abordados na comissão parlamentar de inquérito para apontar a falta de estabilidade na empresa por culpa de diversos responsáveis do Governo. O deputado afirmou ainda que, na passada semana, "a Câmara dos Deputados brasileira reuniu-se com o ministro do Turismo brasileiro para discutir a compra da TAP" – o mesmo ministro que se reunira uma semana antes com o CEO da companhia aérea portuguesa.