Depósitos à ordem “encolheram” 8,7 mil milhões de Janeiro a Agosto

Só em Agosto, depósitos à ordem diminuíram 2,3 mil milhões de euros, tendo a prazo aumentado 800 milhões de euros. Crédito à habitação cai há oito meses.

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Depósitos dos portugueses têm diminuído nos últimos meses Ricardo Lopes
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O stock de depósitos dos particulares voltou a “encolher” em Agosto e já não pela corrida aos Certificados de Aforro (CA), como aconteceu nos primeiros meses do ano. No total, os depósitos confiados aos bancos ascenderam a 174,8 mil milhões de euros, menos 1,4 mil milhões de euros do que em Julho, devido à saída de dinheiro dos depósitos à ordem (-2,3 mil milhões) e à menor entrada em depósitos a prazo (+800 milhões de euros).

Face a igual mês de 2022, a diminuição dos depósitos (à ordem e a prazo) é de 3,5%, de acordo com dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP). A queda verificada em Agosto contraria a ligeira subida verificada nos dois meses anteriores.

O número mais impressionante resulta da diminuição do stock dos depósitos à ordem nos primeiros oito meses do ano, menos 8,7 mil milhões de euros nos depósitos à ordem, parte deles “desviados” para a subscrição de CA, tendo em conta a taxa-base atractiva da série E, de 3,5%. Esta série foi descontinuada e substituída pela série F, com uma taxa-base actual de 2,5%, o que gerou uma “travagem” nas novas subscrições, apesar de esta remuneração ainda ser superior à grande maioria dos depósitos a prazo.

A redução dos depósitos à ordem terá agora outras razões, como o pagamento de despesas ou a amortização antecipada de crédito à habitação, que tem vindo a crescer, devido ao aumento das taxas Euribor, que têm agravado significativamente as prestações dos empréstimos a taxas variáveis.

Comparativamente com os primeiros oito meses de 2022, verifica-se um contraste total, uma vez que, nesse período, se verificou um aumento de seis mil milhões de euros de depósitos a prazo.

Nos primeiros oito meses do ano, há também uma desaceleração dos depósitos a prazo, tendo-se verificado um aumento de 1,1 mil milhões de euros, número significativamente abaixo dos 2,6 mil milhões de euros de acréscimo registado em igual período do ano passado.

No final de Agosto de 2023, os depósitos à ordem e os depósitos a prazo representavam, respectivamente, 47% e 53% do montante total de depósitos (o que é comparável com 49% e 51%, no final de Agosto de 2022), destaca o BdP.

Já o montante dos depósitos das empresas nos bancos residentes totalizava, no final de Agosto, 66 mil milhões de euros, mais 1,9 mil milhões de euros do que em Julho. Em relação a Agosto de 2022, estes depósitos subiram 2,2%, em aceleração face ao crescimento de 1,7% em Julho.

Montante em dívida diminui

O montante dos empréstimos dos particulares com a finalidade de habitação voltou a diminuir em Agosto, o que acontece pelo oitavo mês consecutivo. O crédito total fixou-se em 99,2 mil milhões de euros, menos 100 milhões de euros que em Junho.

Comparativamente com Agosto de 2022, o montante deste tipo de empréstimos diminuiu 0,4%, reflectindo o aumento das amortizações antecipadas e o abrandamento na procura de novo crédito à habitação.

No crédito ao consumo, houve um abrandamento em cadeia, com o total dos empréstimos a atingir em Agosto 20,9 mil milhões de euros, sem variação face ao mês anterior.

Em termos anuais, os dados do BdP revelam um crescimento de 3,6% em relação a Agosto de 2022, mas em desaceleração face ao crescimento de 4% verificado em Julho deste ano.

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