Insegurança em Nagorno-Karabakh já levou ao êxodo de 28 mil arménios

EUA e Rússia trocam acusações sobre instabilidade no Cáucaso do Sul. Explosão em depósito de combustível causou pelo menos 125 mortos.

Refugiados de Nagorno-Karabakh, no Azerbaijão, chegam de camião a uma vila na Arménia
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Refugiados de Nagorno-Karabakh, no Azerbaijão, chegam de camião a uma vila na Arménia IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Veículos com refugiados de Nagorno-Karabakh em direcção à fronteira com a Arménia
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Veículos com refugiados de Nagorno-Karabakh em direcção à fronteira com a Arménia DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Refugiados de Nagorno-Karabakh chegam à vila arménia de Kornidzor
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Refugiados de Nagorno-Karabakh chegam à vila arménia de Kornidzor IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Refugiados de Nagorno-Karabakh fazem fila enquanto tentam entrar na Arménia
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Refugiados de Nagorno-Karabakh fazem fila enquanto tentam entrar na Arménia DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Refugiados de Nagorno-Karabakh chegam à vila de Kornidzor, na Arménia
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Refugiados de Nagorno-Karabakh chegam à vila de Kornidzor, na Arménia IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Refugiados de Nagorno-Karabakh ao chegarem à vila de Kornidzor, na Arménia
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Refugiados de Nagorno-Karabakh ao chegarem à vila de Kornidzor, na Arménia IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Vista geral de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh
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Vista geral de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh Reuters
Pessoas num funeral de um membro das tropas separatistas de Nagorno-Karabakh
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Pessoas num funeral de um membro das tropas separatistas de Nagorno-Karabakh DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Funeral de um membro das tropas separatistas de Nagorno-Karabakh
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Funeral de um membro das tropas separatistas de Nagorno-Karabakh DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Residentes locais cozinham numa rua da cidade de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh
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Residentes locais cozinham numa rua da cidade de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Residentes carregam os seus pertences enquanto deixam a cidade de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh
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Residentes carregam os seus pertences enquanto deixam a cidade de Stepanakert, em Nagorno-Karabakh DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Ponto de passagem fronteiriço entre a Arménia e o Azerbaijão
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Ponto de passagem fronteiriço entre a Arménia e o Azerbaijão IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Residentes de Nagorno-Karabakh sentados dentro de um autocarro em Stepanakert, antes de deixarem a região de Nagorno-Karabakh
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Residentes de Nagorno-Karabakh sentados dentro de um autocarro em Stepanakert, antes de deixarem a região de Nagorno-Karabakh DAVID GHAHRAMANYAN/Reuters
Agentes da polícia da Arménia num posto de controlo numa estrada que conduz à região do Nagorno-Karabakh
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Agentes da polícia da Arménia num posto de controlo numa estrada que conduz à região do Nagorno-Karabakh IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Residentes de Nagorno-Karabakh chegam ao centro de registo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arménia, perto da localidade de Kornidzor, na Arménia
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Residentes de Nagorno-Karabakh chegam ao centro de registo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arménia, perto da localidade de Kornidzor, na Arménia NAREK ALEKSANYAN/Epa
Residentes de Nagorno-Karabakh chegam ao centro de registo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arménia, perto da localidade de Kornidzor, na Arménia
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Residentes de Nagorno-Karabakh chegam ao centro de registo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arménia, perto da localidade de Kornidzor, na Arménia NAREK ALEKSANYAN/Epa
Refugiados de Nagorno-Karabakh registam-se no centro de ajuda na localidade de Kornidzor, na Arménia
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Refugiados de Nagorno-Karabakh registam-se no centro de ajuda na localidade de Kornidzor, na Arménia IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Refugiados de Nagorno-Karabakh sentados na parte detrás de um veículo depois de atravessarem a fronteira para se registarem num centro do Ministério de Negócios Estrangeiros da Arménia
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Refugiados de Nagorno-Karabakh sentados na parte detrás de um veículo depois de atravessarem a fronteira para se registarem num centro do Ministério de Negócios Estrangeiros da Arménia NAREK ALEKSANYAN/Epa
Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, a discursar após a operação militar em Nagorno-Karabakh
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Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, a discursar após a operação militar em Nagorno-Karabakh ROMAN ISMAYILOV/EPA
Militares Azeri examinam armas apreendidas e recebidas durante o desarmamento de Nagorno-Karabakh
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Militares Azeri examinam armas apreendidas e recebidas durante o desarmamento de Nagorno-Karabakh ROMAN ISMAYILOV/EPA
Protesto em frente a agentes de autoridade em defesa dos residentes de Nagorno-Karabakh
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Protesto em frente a agentes de autoridade em defesa dos residentes de Nagorno-Karabakh IRAKLI GEDENIDZE/Reuters
Davit Melkumyan e Sergey Martirosyan, membros da delegação de arménios de Nagorno-Karabakh, em reunião com representantes do Azerbaijão
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Davit Melkumyan e Sergey Martirosyan, membros da delegação de arménios de Nagorno-Karabakh, em reunião com representantes do Azerbaijão STRINGER/Reuters
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Numa altura em que pelo menos 28 mil pessoas já cruzaram a fronteira de Nagorno-Karabakh com a Arménia, num êxodo que deve crescer nos próximos dias, aumentou também o tom das acusações mútuas entre Estados Unidos e Rússia sobre quem está desestabilizar a região do Cáucaso do Sul, uma semana depois da intervenção militar do Azerbaijão no território que era há três décadas autogovernado de facto pela maioria de origem arménia.

A operação-relâmpago levada a cabo pelo Azerbaijão no dia 19 de Setembro, que resultou na rendição incondicional dos separatistas após um bloqueio de dez meses erguido por Bacu ao único corredor que liga Nagorno-Karabakh à Arménia, aumentou o desgaste nas relações entre Erevan e Moscovo, com o Governo arménio a culpar a Rússia por não ter protegido o território que, ao abrigo da lei internacional, faz parte do Azerbaijão.

Para aumentar o sentimento de insegurança que tem levado à fuga de milhares de residentes com receio de que Bacu possa estar a planear uma limpeza étnica, uma explosão num depósito de combustível terá causado esta terça-feira a morte de pelo menos 125 pessoas, segundo um balanço divulgado pela agência noticiosa azerbaijana Interfax.

As autoridades locais confirmaram para já a morte de 20 pessoas, a que se acrescentam 290 feridos, muitos em estado crítico, após a explosão nas instalações situadas perto da capital regional, Stepanakert, na segunda-feira à noite, mas o número de mortes deverá aumentar, uma vez que dezenas de pessoas estão dadas como desaparecidas.

Depois de a Arménia ter acusado Moscovo de nada ter feito para proteger a população de Nagorno-Karabakh na sequência da intervenção militar do Azerbaijão e, antes, do bloqueio do corredor de Lachin, os Estados Unidos mostraram também a sua preocupação com o destino imediato dos habitantes do território.

“Penso que a Rússia demonstrou que não é um parceiro de segurança em que se possa confiar”, afirmou na segunda-feira Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

A resposta às declarações de Miller veio esta terça-feira através do embaixador russo em Washington. “Instamos os EUA a abster-se de palavras e acções extremamente perigosas que conduzem a um aumento artificial do sentimento anti-russo na Arménia", disse Anatoly Antonov na plataforma de mensagens Telegram.

Aos EUA juntaram-se vários aliados ocidentais na condenação às acções do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, que poderão ter o condão de desequilibrar a situação geopolítica no Cáucaso do Sul, uma verdadeira manta de retalhos atravessada por oleodutos e gasodutos e onde a influência é disputada não só pela Rússia e pelos EUA mas também pela Turquia e pelo Irão.

Nos últimos dias, a Rússia tem afirmado que a Arménia só pode culpar-se a si própria pela intervenção vitoriosa do Azerbaijão em Karabakh porque, em vez de trabalhar com Moscovo e Bacu para garantir a paz, resolveu antes aproximar-se do Ocidente.

“Partimos para nos mantermos vivos”

Famílias arménias em fuga, famintas e exaustas, continuavam esta terça-feira, a lotar a estrada que liga o Nagorno-Karabakh à Arménia, com os Estados Unidos e a União Europeia a apelarem ao Azerbaijão que garantisse a protecção dos civis e deixasse entrar a ajuda humanitária no território.

Pelo menos 28 mil dos 120 mil arménios que vivem em Nagorno-Karabakh já atravessaram a fronteira para a Arménia, informaram ao fim da tarde as autoridades de Erevan.

Alguns fugiram em camiões de caixa aberta, outros em tractores. Narine Shakaryan chegou no carro velho do genro, com seis pessoas lá dentro. A viagem de 77 km demorou 24 horas, sem nada para comer, disse.

“Durante todo o percurso, as crianças choravam, tinham fome”, disse Shakaryan à Reuters, na fronteira, carregando a neta de três anos, que, segundo ela, adoeceu durante a viagem. “Partimos para nos mantermos vivos, não para viver”, acrescentou.

A responsável da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), Samantha Power, esteve esta terça-feira na capital da Arménia e apelou ao Azerbaijão para que “mantenha o cessar-fogo e tome medidas concretas para proteger os direitos dos civis em Nagorno-Karabakh”.

Power, que entregou ao primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, uma carta de apoio do Presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o uso da força pelo Azerbaijão era inaceitável e que Washington estava a estudar uma resposta adequada. Esta terça-feira, numa conversa telefónica, o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, prometeu ao chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, que o seu governo não levaria a cabo mais acções militares no território.

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