Vidreiras querem atingir a neutralidade carbónica até 2050 com “fornos do futuro” e vidro reciclado

A indústria do vidro de embalagem fiz estar empenhada em transformar a sua produção até 2050. Isso passará por fornos alimentados a energias verdes e por uma maior reutilização do vidro.

Foto
A aposta maior do sector do vidro de embalagem é na reconversão dos fornos, que hoje são alimentados a gás natural Nelson Garrido
Ouça este artigo
00:00
02:58

As vidreiras portuguesas dizem estar empenhadas em transformar a sua produção até 2050 de forma a atingir nesse prazo a neutralidade carbónica. No dia em que Portugal celebra o Dia Nacional da Sustentabilidade, a Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem (AIVE) afiança que a indústria "está empenhada em reduzir 60% das emissões directas de CO2 [dióxido de carbono] dos fornos, através de uma transição energética nas tecnologias de fusão". Os "fornos do futuro", explica em comunicado a AIVE, não utilizarão gás natural mas sim "electricidade verde" e "outros combustíveis não fósseis, como a biomassa ou o hidrogénio".

Outra frente em que as fábricas de vidro para embalagem prometem estar a trabalhar é na "redução das emissões de CO2 através da utilização de vidro reciclado". Actualmente, lembra a AIVE, "20% das emissões de CO2 provêm da fusão de matérias-primas no forno". E essa pegada pode ser reduzida se houver um incremento da utilização de vidro reciclado.

"Cada tonelada de vidro reciclado poupa 1,2 toneladas de matérias-primas virgens, com uma redução de energia de 3% por cada 10% de vidro reciclado no forno e uma redução de 5% das emissões de gases com efeito de estufa", explica a associação. O vidro, sublinha o sector, é "um material permanente, o que significa que pode ser reciclado infinitamente" sem perder propriedades.

A AIVE afiança que as empresas de vidro de embalagem (em Portugal, esses players contam-se pelos dedos de uma mão) fizeram nos últimos anos "um enorme investimento na descarbonização, eficiência energética e modernização das fábricas", e diz ser "ambição do sector continuar a reduzir a utilização de matérias-primas virgens", quer através do aumento da "taxa de recolha de embalagens de vidro usadas para 90% até 2030", quer através de esforços vários para "tornar as embalagens de vidro mais leves" — o que permite poupar nas emissões da produção mas também a jusante, no transporte.

Segundo a associação que representa as vidreiras, nos últimos 50 anos, esta indústria reduziu em 70% o consumo de energia e em 50% as emissões de CO2. As embalagens, nomeadamente garrafas para o sector das bebidas, estão 30% mais leves.

O sector diz estar a investir, nomeadamente em "investigação e inovação" que apoiem a desejada "transição para uma economia hipocarbónica", mas reclama "uma estratégia energética política e incentivos financeiros que proporcionem um quadro propício a esta nova revolução industrial".

A neutralidade carbónica até 2050 é uma das metas do Acordo de Paris. Em sentido contrário ao das emissões, que o sector do vidro tem vindo a reduzir, estão os preços das embalagens de vidro, nomeadamente das garrafas para vinho, que no primeiro semestre de 2023 registavam aumentos entre 55% e 70%.

Notícia corrigida às 15h22: no título, escrevíamos, por lapso, "até 2025", quando na verdade a meta assumida é "até 2050".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários