Independentistas insistem em que amnistia negociada com o PSOE já existe no papel

Garantindo que a questão do perdão aos dirigentes catalães já está resolvida, ERC volta a falar num referendo.

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A ERC dá por "garantida" a amnistia aos dirigentes independentistas EPA/QUIQUE GARCIA
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Depois das garantias de Oriol Junqueras de que o PSOE já se comprometera em Agosto com a amnistia aos dirigentes independentistas condenados por participarem no referendo de 2017 na Catalunha, a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) foi um pouco mais longe, na véspera do debate de investidura, com uma das suas porta-vozes, Raquel Sans, a assegurar que “a amnistia já se dá como garantida” e que soberanistas e Governo até já “trocaram documentos” sobre aquilo a que o PSOE chama plano para “desjudicializar” o conflito entre o Estado e a Catalunha.

Segundo Sans, em causa estão textos de “carácter técnico”, já que “a parte política está resolvida”. No mesmo sentido, Jaume Asens, interlocutor designado pela vice-presidente de Pedro Sánchez e líder do Sumar, Yolanda Díaz, para negociar com os independentistas, afirmou que o PSOE está a avançar “a uma velocidade de cruzeiro” para acordar o pacto de amnistia, uma decisão que descreve como “irreversível”.

O PSOE já assume a decisão sobre a amnistia, exigida pela ERC e pelo Junts, do ex-presidente catalão Carles Puigdemont, embora evite usar esta palavra, mas insiste também que o PP está a protestar contra algo que ainda não existe. “Ninguém parece saber do que está a falar, simplesmente porque esse acordo ainda não foi alcançado”, repetiu, esta segunda-feira, o ministro da Cultura e dos Desportos, Miquel Iceta.

A verdade é que Sánchez só abriu publicamente a porta a uma amnistia há dias: no domingo, na festa dos socialistas da Catalunha, defendeu a sua política na região, falando num “virar de página, pela convivência e pelo entendimento”, sem nunca referir a palavra amnistia. Mas já a semana passada, quando Oriol Junqueras apareceu no Congresso a afirmar que o PSOE se comprometeu com a amnistia em Agosto, durante as negociações para assegurar a presidência da Mesa do Congresso, poucos socialistas ousaram fazer desmentidos claros.

Oficialmente, em Agosto, o PSOE aceitou “seguir com o processo de desjudicialização do conflito político” na Catalunha. Foram estas as palavras do porta-voz republicano, Gabriel Rufián, seguindo-se um comunicado em que se fala do “fim da repressão relacionada com o [referendo] 1-O contra o independentismo através das vias necessárias” – uma formulação que já permite várias interpretações.

Apesar do desconforto provocado pelas declarações recentes de dirigente da ERC sobre a amnistia, o PSOE estará mais preocupado com o facto de estes terem voltado a insistir em que um futuro referendo sobre a independência catalã continua em cima da mesa. Foi o que fez Sans, explicando que isso continua a ser condição para que a ERC vote ao lado de Sánchez quando o rei o indigitar para formar governo. “É a proposta mais democrática”, defendeu, em declarações aos jornalistas. Também é a linha vermelha do PSOE e, por isso mesmo, um tema com potencial para minar as negociações, como avisou esta segunda-feira o Sumar.

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