Raffaele Storti e os ensaios no Mundial: “São jogadas colectivas, fico contente por finalizar”

Aos 22 anos, Raffaele Storti tornou-se no primeiro jogador português a marcar dois ensaios num jogo de um Campeonato do Mundo de râguebi.

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Raffaele Storti esteve em destaque contra a Geórgia no Mundial de râguebi Reuters/STEPHANE MAHE
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É um dos mais talentosos jogadores da nova geração do râguebi português e, no segundo jogo de Portugal no Mundial de 2023, voltou a mostrar toda a sua qualidade. Formado no CR Técnico, Raffaele Storti mudou-se em 2021 para o Stade Français, um dos “grandes” do râguebi francês, tendo sido emprestado ao AS Béziers, da Pro D2. Após uma época na segunda divisão gaulesa, onde foi uma das figuras da sua equipa, a cotação em França do jovem de 22 anos ficou ainda mais elevada com o “bis” contra a Geórgia. Porém, em conversa com o PÚBLICO em Toulouse, Storti atribuiu o mérito dos ensaios ao trabalho colectivo.

O que pensa quando pega na bola, tem 12 jogadores adversários pela frente e, mesmo assim, arranca para cima deles?
Não sei… Ando para ali, nem sei… Tenho vontade de ajudar a equipa com ensaios, mas vem tudo de jogadas de equipa. Se não tivéssemos feito todas as fases anteriores, a defesa não estava desorganizada no primeiro ensaio, e no segundo foi o Jerónimo [Portela] que conseguiu desestabilizar a defesa. São tudo jogadas colectivas, eu fico contente por ter conseguido finalizar, o que, no fundo, é o trabalho dos pontas.

O que mudou da primeira para a segunda parte?
A primeira parte foi para esquecer. Cometemos muitos erros nos alinhamentos e estávamos a dar pontapés fáceis para os três de trás da Geórgia. Na segunda parte conseguimos mudar esses aspectos, conseguimos impor o nosso jogo, ter posse de bola… Ainda fizemos alguns erros, mas estivemos por cima do jogo. Faltou pouco, mas faltou… Continuamos de cabeça erguida e já a pensar no próximo jogo, com a Austrália.

Fizeram dois jogos em que conseguiram resultados que, antes do Mundial, teriam de ser considerados muito positivos. Porém, acabaram ambos com uma sensação de frustração. Portugal já está preparado para se bater de igual para igual com as melhores selecções?
A Geórgia está perto do top-10. É contra estas equipas que queremos começar a jogar. Se há uns anos nos dissessem que empatávamos com a Geórgia, aceitávamos logo esse resultado. Este sentimento agridoce após este empate é muito positivo para o râguebi português e queremos continuar a mostrar a todos os portugueses que nos vieram apoiar que merecemos estar no Mundial, e que estamos muito orgulhosos por ter tanto apoio.

Portugal tem conseguido aguentar praticamente os 80 minutos ao mesmo nível. A preparação que fizeram foi fundamental?
Contra o País de Gales quebrámos um pouco no fim, agora não. Estes três meses em que estivemos juntos a trabalhar física e tacticamente têm-nos ajudado muito. Sabíamos que os últimos 20 minutos eram o principal período de jogo em que estávamos piores. Treinámos isso, principalmente a nossa capacidade física, e acho que neste jogo mostrámos que estamos melhor.

Segue-se a Austrália, que está pressionada por ter de vencer para se qualificar. Portugal pode voltar a surpreender?
Nós queremos impor o nosso jogo e, mesmo contra equipas do calibre da Austrália, queremos mostrar que competimos e que merecemos estar aqui. Claro que não vamos entrar em campo como se já estivesse perdido. Sabendo que a Austrália é uma selecção muito forte, vamos tentar dar o nosso melhor. Depois, logo se vê…

Faz parte de uma nova geração portuguesa que começa a apostar no profissionalismo no estrangeiro. Esse é o caminho que o râguebi português deve seguir?
O caminho a seguir é tentar profissionalizar o râguebi em Portugal e melhorar o seu nível interno. Enquanto isso não acontece, enquanto o nível no campeonato português não é o melhor comparado com França ou Inglaterra, penso que quanto mais jogadores se profissionalizarem, mais alegrias vamos ter na selecção. Devemos aproveitar este boost no Mundial para fazer crescer o râguebi em Portugal.

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