Comissão de revisão constitucional abre espaço para eventual acordo entre PS e PSD
Prazo para apresentação de propostas foi alargado mais um mês. Comissão pede para funcionar durante discussão do Orçamento do Estado para 2024.
Os deputados da comissão de revisão constitucional vão ter mais um mês – até 20 de Outubro – para poderem apresentar propostas de alteração aos projectos originais, o que abre espaço para um eventual entendimento entre PS e PSD. O prazo foi acertado, esta manhã, durante uma reunião de coordenadores, onde voltou a ser reiterado o objectivo de concluir o processo de alteração da Constituição até ao final deste ano.
Depois de uma primeira fase dedicada ao debate dos projectos – que permitiu perceber os pontos de aproximação e de afastamento entre PS e PSD –, a comissão de revisão constitucional ainda está a receber contributos por escrito, depois de ter concluído as audições. Antes das férias parlamentares, a comissão tinha fixado o prazo de 30 de Setembro para a entrega de propostas de alteração (que só podem incidir sobre artigos já suscitados nos projectos originais), o que foi agora prorrogado para 20 de Outubro, tendo ficado marcada uma reunião para 27 para retomar os trabalhos.
Nessa altura, a continuação do funcionamento durante o processo de discussão do Orçamento do Estado para 2024, entre o final de Outubro e final de Novembro, também dependerá da autorização pedida ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
A pausa até 20 de Outubro permitirá aos partidos – sobretudo PS e PSD – ponderar sobre o que é possível aprovar, tendo em conta que os sociais-democratas têm uma proposta mais abrangente (40 alterações), que mexe até com o sistema político, e os socialistas pretendem mudanças mais cirúrgicas.
Só um entendimento entre PS e PSD – que perfazem os dois terços necessários para a aprovação de qualquer alteração – permitirá passar para a segunda fase, que é a da votação. Nesse sentido, caso haja acordo, é possível terminar o processo até ao final do ano, de maneira que o novo texto constitucional já esteja em vigor em 2024 nos 50 anos do 25 de Abril.
O PS pretende apenas aprofundar e consolidar direitos fundamentais, reforçar o Estado e resolver questões colocadas pelo terrorismo e pela pandemia de covid-19. Já o PSD vai mais longe e pretende alterações na organização política, nas autonomias e no reforço da coesão territorial, fazendo depender o sucesso deste processo de revisão constitucional da disponibilidade dos socialistas para cederem noutras questões.