Marine Le Pen pode enfrentar julgamento por utilização indevida de fundos europeus
Justiça francesa recomenda acusação contra líder da União Nacional após investigação iniciada em 2016. Para além de pena de prisão, Le Pen arrisca inelegibilidade para exercer cargos públicos.
A procuradoria de Paris recomendou esta sexta-feira que a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e 23 outros membros do seu partido, a União Nacional, devem ser julgados por alegada utilização indevida de fundos da União Europeia.
O Ministério Público da capital francesa abriu a investigação em Dezembro de 2016, afirmando que o seu objectivo era verificar se a então denominada Frente Nacional tinha utilizado dinheiro destinado a despesas com pessoal no Parlamento Europeu para pagar a funcionários que trabalhavam para o partido.
Os deputados europeus recebem fundos para cobrir despesas, incluindo as dos seus assistentes, mas não podem utilizá-los para despesas do partido.
O Ministério Público parisiense revelou que foi examinada a situação de cerca de 49 assistentes ao longo de três legislaturas do Parlamento Europeu, de 2004 a 2016.
A investigação foi motivada por um relatório do Parlamento Europeu, que constatou que alguns assistentes ocupavam cargos de alto nível no partido de Le Pen que pareciam inconciliáveis com o seu trabalho parlamentar a tempo inteiro. A União Nacional nega qualquer irregularidade.
“Contestamos esta posição, que parece ser uma compreensão errónea do trabalho dos deputados da oposição e dos seus assistentes, que é acima de tudo um trabalho político”, respondeu o partido à Reuters através de um comunicado.
Marine Le Pen enfrentou Emmanuel Macron duas vezes na segunda volta das eleições presidenciais francesas, em 2017 e 2022, e é amplamente vista como uma das principais candidatas na próxima eleição, marcada para 2027.
A líder da União Nacional arrisca uma pena de dez anos de prisão, uma multa de um milhão de euros e, sendo uma funcionária eleita, a inelegibilidade para exercer cargos públicos durante dez anos, informou o Ministério Público.
Os juízes terão agora de decidir se aceitam ou não o pedido de julgamento dos procuradores de Paris.