Incerta a vitória de Portugal, mas possível

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O jogo de Portugal da terceira jornada do Mundial de râguebi é do nosso campeonato não havendo, para além dos problemas que o jogo impõe, a diferença do embate com o superior “tier 1”. É um jogo entre equipas que estão próximas (13.º e 16.º lugares do ranking da World Rugby), que se conhecem há muitos anos.

O que se pede então ao quinze dos “lobos”? O de sempre a quem enverga a camisola de Portugal: atitude, desportivismo, vontade do melhor resultado possível nunca desistindo de o conseguir. Podemos ganhar? Podemos. Mas não é uma obrigação.

Para já o algoritmo que uso para a previsão do resultado, estabelece uma vitória da Geórgia por 11 pontos de diferença. O que é natural dados os resultados que temos conseguido depois do retorno ao Rugby Europe Championship: quatro derrotas e um empate.

Mas se vencer pode ser uma possibilidade, não é uma exigência. E não pode ser uma exigência porque os jogadores portugueses para garantirem uma prestação que os orgulhe terão de estar no máximo das suas capacidades físicas, técnicas e mentais durante os oitenta minutos. O que não é fácil, sendo a igualdade competitiva entre as duas equipas, passe a expressão, desigual.

Porque mesmo estando habituados a este adversário, os portugueses enfrentarão enormes dificuldades por melhor que possam usar o seu jogo ao largo e que haja uma melhoria - haverá porque o nível é mais próximo dos nossos hábitos - na eficácia do apoio e que o ataque se inicie com os jogadores lançados e próximos da linha-de-vantagem para não dar espaço/tempo organizativo à defesa,

Mas as dificuldades - é bom tê-lo presente e não ter expectativas que ultrapassem a realidade - serão muitas, começando logo no bloco de avançados onde o grupo georgiano tem um forte poder já muitas vezes testado e as formações-ordenadas serão a dificuldade acrescida. Pelo contrário, os alinhamentos e pelo que se viu contra Gales, poderão ser uma boa base de lançamento. Mas para o movimento e manobras pretendidos a boa utilização do jogo no chão com rapidez e organização será o factor-chave.

Provavelmente e embora já se mostrem mais capazes de dar continuidade ao jogo de movimento, os georgianos voltarão à velha escola - que por acaso está a ser utilizada pelas quatro selecções favoritas - com formação-ordenada de grande pressão e desgaste a limitar as capacidades defensivas da terceira-linha - e aqui espera-se que o árbitro controle o início do empurrão georgiano… - jogo-ao-pé alto sufocante e defesa muito rápida a não dar espaço de expressão ao potencial das linhas atrasadas portuguesas.

E se assim for, a maior experiência no nível elevado do jogo dos georgianos pode dar-lhes a vantagem definitiva. Porque na composição dos 33 membros da equipa existem, para além de 16 jogadores da franquia Black Lions vencedora da Super Cup europeia, 10 jogadores de sete clubes do Top 14, um do Exeter inglês e seis a jogarem em quatro clubes da Pro D2, a segunda divisão francesa. E os representantes portugueses de 20 clubes, sendo 10 não nascidos em Portugal, têm, naturalmente e embora os últimos três meses tenham podido melhorá-la, um menor grau de coesão colectiva.

E estas diferenças - de experiência e de coesão - contam nos momentos decisivos e na eficácia de acções que fazem a diferença no resultado.

No entanto e embora partindo de bases e condições distintas e inferiores, Os “lobos” podem - desta vez sim! - surpreender e conseguir a vitória que premiará a atitude guerreira de defesa da camisola que orgulhosamente envergam. Sem vos exigir nada, estaremos presentes no apoio e aplauso que merecem. Bom jogo!

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