Reserva Federal faz nova pausa nas taxas de juro

Reserva Federal norte-americana optou por manter as suas taxas de juro no intervalo entre 5,25% e 5,5%, sinalizando mais uma subida até ao fim do ano. E diz que economia “avança a um ritmo sólido”.

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Jerome Powell, presidente da Reserva Federal Reuters/KEVIN LAMARQUE
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Ainda não se sabe ao certo quando é que as taxas de juro nos EUA irão atingir o seu pico, mas a Reserva Federal norte-americana (Fed) deu esta quarta-feira mais um sinal de que o ciclo de subida do custo do dinheiro na maior economia do planeta pode estar a chegar ao fim, ao decidir, pela segunda vez nos últimos dezoito meses, manter as taxas de juro inalteradas.

A decisão do comité que decide a política monetária nos EUA não é uma surpresa nos mercados. Embora ainda pairassem algumas dúvidas no ar, a maior parte dos analistas vinha já apostando, durante os últimos dias, na inexistência de qualquer movimento das taxas de juro de referência da Fed, que se mantêm assim no intervalo entre 5,25% e 5,5%.

O banco central norte-americano antecipou ainda um aumento adicional até ao fim do ano e considera que as taxas devem permanecer em 5,1% em 2024, contra os 4,6% que antecipava em Junho.

A Fed também reviu em alta a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para este ano, apontando para uma expansão de 2,1%, quando em Junho antecipava 1%.

A economia norte-americana "avança a um ritmo sólido", indicou a instituição no comunicado divulgado após uma reunião de dois dias, citado pela AFP.

No dia em que fez mais uma pausa na subida de taxas de juro, os responsáveis da Fed evitam avançar com uma data definitiva para o fim do ciclo de subidas das taxas de juro, deixando apenas no ar a ideia de que esse dia pode estar próximo. Na conferência de imprensa que se seguiu, o presidente da Fed, Jerome Powell, explicou que o plano é “manter a política monetária restritiva até estarmos confiantes de que a inflação está a recuar de forma sustentável em direcção ao nosso objectivo" Ainda assim, admitiu que, apesar de continuar preparada para subir os juros “se apropriado”, a Fed "está muito perto do nível que precisa estar".

Powell pontuou ainda o seu discurso com a ideia de que ainda de que a autoridade monetária dos EUA ainda tem “um longo caminho pela frente” para colocar a inflação na meta dos 2%”.

Tal como acontece na zona euro com o BCE, o banco central norte-americano tem estado desde a primeira metade do ano passado em guerra contra a inflação que mantinha uma tendência ascendente desde o final de 2021, disparou quando teve início a guerra na Ucrânia e atingiu o seu máximo nos EUA em Junho de 2022, quando chegou aos 9,1%.

A Fed, depois de ter posto fim ao seu programa de compra de activos começou a subir as taxas de juro em Março do ano passado, retirando-as do intervalo entre zero e 0,25% em que se encontravam há já vários anos.

Nos 14 meses seguintes, entre Março de 2022 e Maio de 2023, a Fed realizou 10 subidas consecutivas de taxas de juro, com algumas delas a ascenderem aos 0,75 pontos percentuais, naquele que já é o ciclo de subida mais acentuado de taxas de juro das últimas décadas.

Com a progressiva descida da inflação a partir da segunda metade do ano passado, a Fed foi reduzindo progressivamente o ritmo de subida e na reunião do passado mês de Junho realizou a sua primeira pausa, com os seus responsáveis a dizerem que queriam dar tempo para a que as taxas de juro altas produzissem o seu efeito na inflação.

Na reunião de Julho, a Fed voltou a fazer uma nova subida de taxas de juro, de 0,25%, para agora voltar outra vez a pausar.

Este ritmo mais lento de subidas é explicado pelo facto de, embora a taxa de inflação continue acima da meta de 2% estabelecida pelo banco central, a expectativa continua a ser de descida. É verdade que, depois de cair de 4,1% para 3% em Junho, a variação homóloga dos preços voltou a subir para 3,2% em Julho e 3,7% em Agosto. Mas, por outro lado, a taxa de inflação subjacente – que retira da análise os bens e serviços com maior volatilidade de preços como os combustíveis – manteve sempre uma tendência de descida, passando de 5,3% para 4,8% em Junho e caindo a seguir para 4,7% em Julho e 4,3% em Junho.

Ao nível da actividade económica, o abrandamento económico provocado pelo aperto na política monetária é evidente, mas ainda assim os Estados Unidos têm vindo a crescer mais do que a zona euro, com uma taxa de desemprego historicamente baixa e aumentos salariais relativamente elevados.

Na semana passada, o Banco Central Europeu, que começou a apertar a sua política monetária em Julho do ano passado, optou por realizar a décima subida consecutiva de taxas de juro, colocando-as em 4%, já 4,5 pontos percentuais acima do nível que se registava antes da crise inflacionista. Christine Lagarde, contudo, deixou sinais de que o pico nas taxas de juro na zona euro pode já ter sido atingido.

Esta quinta-feira, será a vez de o Banco de Inglaterra realizar a sua reunião. Existem ainda dúvidas se a autoridade monetária britânica irá optar por subir mais uma vez as taxas de juro ou se fará uma pausa. A surpresa positiva registada esta quarta-feira na inflação torna a segunda opção mais provável. com Lusa

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