Concertos, teatro e Dj’s animam festival dedicado a quem tem cabelos brancos

São mais de 30 iniciativas feitas para e com os mais velhos, mas dirigidas a toda a comunidade. Uma das propostas presta homenagem a Natália Correia.

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O Festival dos cabelos Brancos, que sucede à Semana da Maioridade, acontece desde 2018 Adriano Miranda
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De sexta-feira a domingo, no município de Ílhavo a festa volta a fazer-se à volta dos maiores de 65 anos. Vem aí mais uma edição do Festival Cabelos Brancos, que aposta num cartaz repleto de animação. São mais de 30 iniciativas, garante a câmara municipal, entre concertos, oficinas, actividades desportivas e teatro, entre outras. A edição deste ano, que decorrerá maioritariamente no Jardim Henriqueta Maia, no centro da cidade ilhavense, apostando em Bonga e Fernando Mendes como cabeças de cartaz, tem como mote o “legado”. Um dos destaques da programação assenta num espectáculo que junta 70 vozes e músicos da comunidade ilhavense. Outro dos momentos altos será centrado na vida e obra de Natália Correia e também conta com a participação da comunidade.

“É um festival a pensar neles e feito com eles”, destaca a vereadora com o pelouro da Maioridade, Mariana Ramos, notando que algumas das propostas apresentadas no festival “decorrem de um trabalho de continuidade, desenvolvido no Fórum da Maioridade e no Laboratório do Envelhecimento”. Mais do que preparar um programa para os mais velhos, a aposta passa por colocá-los a trabalhar com o objectivo de se apresentarem à comunidade, “em forma de corolário”, no Festival Cabelos Brancos.

Ainda que esta seja uma das alturas do ano em que os seniores ilhavenses estão sujeitos a maior protagonismo, Mariana Ramos lembra que o trabalho com a maioridade é uma constante ao longo de todo o ano. “E é algo em que devemos apostar cada vez mais”, perspectiva, lembrando que, entre o recenseamento de 2011 e o de 2021, o município de Ílhavo “dobrou o número de idosos”. “Por isso, devemos ter bem presente a importância de corresponder com actividades permanentes, com aquilo que é a busca deles pela aprendizagem, algo que nunca foi entendido como sendo orgânico, natural, mas a verdade é que eles têm muita vontade de aprenderem e experimentar coisas novas”, argumenta.

A edição deste ano do Festival Cabelos Brancos arranca na sexta-feira, às 10h30, com um desfile de concertinas e saxofones, protagonizado por músicos locais e pelo Grupo Amigos da Concertina. À tarde, pelas 14h30, velhos e novos serão desafiados a criar “Sementeiras Intergeracionais”, uma iniciativa dinamizada pela Associação Bioliving que visa recuperar materiais inutilizados e transformá-los em canteiros para ervas aromáticas. Às 17 horas, as atenções viram-se para o projecto de comunidade “Brancas ao Sol”, com a participação de vários músicos.

Coro com a comunidade e sessões de Dj's

A primeira noite do festival vai ficar marcada pela apresentação, às 21h00, do Coro da Memória. Mais de 70 vozes e músicos da comunidade ilhavense, sob a direcção artística de Luís Carvalho, prometem proporcionar um concerto memorável. Também nessa noite, os José Pinhal Post Mortem sobem ao palco para interpretar temas antigos como “Tu Não Prendas o Cabelo” e “Bola de Cristal”. José Pinhal foi um mestre subestimado da música de baile nos anos 80 e este espectáculo pretende ser uma homenagem merecida ao seu legado. O encerramento do primeiro dia fica por conta da DJ Maria Vai Com Todas, acompanhada de três seniores do município.

No sábado, o programa prevê, pelas 10h30, uma oficina de dança típica, dinamizada pelo Rancho Folclórico “As Ceifeiras” da Gafanha da Encarnação. Às 16h00, terá lugar o debate “Legado dos Loucos”, que visa destacar o papel dos “mais loucos” e o contributo e legado podem deixar na sociedade. O debate conta com a participação de Ana Pinto Coelho, programadora do Festival MENTAL – Cinema, Artes e Informação e de um psiquiatra do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, que irão explorar a relação entre a arte e a saúde mental.

Às 17h00, há “Jam Session a tricotar”, na qual entusiastas da música e amantes do tricôt vão ser desafiados a compartilhar as suas habilidades, com o apoio da Oficina de Música Aveiro. Duas horas depois, acontece outro dos momentos de destaque do programa: “Orquídea”, espectáculo que conta com a direcção artística da companhia Bandevelugo e a participação da comunidade, centrado na vida e obra de Natália Correia, sobe ao palco da Casa da Cultura de Ílhavo. Segue-se, pelas 21h30, a actuação de Bonga, antes do DJ Zé Gabriel encerrar a noite ao som “dos míticos anos 80 e 90”.

No domingo, o espectáculo “Insónia”, de Fernando Mendes, encerra o festival. Apresentação marcada para as 21h30, na Fábrica Ideias na Gafanha da Nazaré.

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