Entregou-se o terceiro suspeito da morte do polícia Fábio Guerra
Clóvis Abreu irá passar a noite numa cela anexa à Polícia Judiciária e amanhã será ouvido por um juiz. Os seus parceiros já foram condenados.
Suspeito de ter ajudado a espancar o agente da PSP Fábio Guerra até à morte à porta da discoteca Mome, em Lisboa, Clóvis Abreu entregou-se nesta segunda-feira de manhã ao Ministério Público no Campus da Justiça. Ficou detido, devendo ser apresentado amanhã a um juiz de instrução criminal, depois de passar a noite numa cela anexa à Polícia Judiciária.
Clóvis Abreu estava fugido à justiça há cerca de ano e meio, enquanto os seus dois cúmplices, os ex-fuzileiros Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko, foram condenados a 17 e 20 anos de cadeia, respectivamente, pelo homicídio.
Clóvis Abreu já tinha tentado entregar-se no passado sábado, dia em que os tribunais estão fechados. Acabou por ter de esperar até esta segunda-feira e deverá agora ser julgado.
Tudo se passou a 19 de Março de 2022, já de madrugada. Depois de terem atacado de forma selvática um cliente da discoteca com quem se tinham desentendido, os agressores foram interpelados por vários polícias que se encontravam à civil à porta do estabelecimento, onde tinham ido divertir-se. Os agentes conseguiram travar a agressão, que também podia ter redundado em homicídio, mas em poucos minutos quatro deles foram postos fora de combate, ao murro e ao pontapé.
Já estendido no chão, Fábio Guerra, de 26 anos, continuou a ser pontapeado na zona da cabeça – tal como de resto já havia sucedido com o outro cliente da discoteca. Havia de morrer dois dias depois, na sequência de uma hemorragia intracraniana grave.
Juízes e jurados classificaram a actuação dos arguidos naquela noite como tendo sido de uma “brutalidade caprichosa” e descontrolada, revelando “indiferença perante a vida” alheia. Sendo ambos os ex-arguidos praticantes de artes marciais, sabiam perfeitamente no que podia resultar a sua “fúria destemperada”.
Logo em Abril de 2022, Clóvis Abreu mostrou-se disponível para ser interrogado pelas autoridades, mas isso acabou por nunca suceder, tendo continuado a monte. O seu advogado, Aníbal Pinto, garante que as imagens de videovigilância que serviram para incriminar os dois fuzileiros servirão também para ilibar o seu cliente: “Clóvis Abreu nunca esteve perto do agente que faleceu, nem o agrediu.”
O Ministério Público diz que o trio tinha uma forma muito peculiar de actuar quando agredia alguém: um deles começava por deitar o alvo ao chão com um murro, e só depois de a vítima cair é que um dos colegas a pontapeava, na cabeça e noutras partes vitais.