Palcos da semana: artes a circular entre o génio e o género

O regresso de Benjamin Clementine, Estava em Casa e Esperava Que a Chuva Viesse pelos Artistas Unidos, artes performativas a Circular, a Quinzena de Dança de Almada e o Queer Lisboa.

,Alternativa/Indie
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Benjamin Clementine vem a Portugal apresentar And I Have Been DR
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Estava em Casa e Esperava Que a Chuva Viesse, pelos Artistas Unidos Jorge Gonçalves
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En Son Lieu, coreografia de Christian Rizzo, tem as honras de abertura do 19.º Circular – Festival de Artes Performativas de Vila do Conde marc domage
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A companhia espanhola Siberia Danza leva L.E.V.E. à Quinzena de Dança de Almada Mila Ercoli
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A tela do Queer Lisboa abre com La Bête dans la Jungle, filme de Patric Chiha DR
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Visita de génio

Desengane-se quem vê em Benjamin Clementine “apenas” uma voz grandiosa e aristocrática. Nascido num subúrbio de Londres, filho de pais divorciados, cantou no metro de Paris e outros lugares inusitados, aprendeu a tocar piano sem escola, compôs música, fez poesia.

Sem que a narrativa biográfica ofusque o capital musical, esta figura tímida, mas de presença imponente e carismática, passeia-se por vários géneros musicais, metamorfoseia-se em palco e amealha elogios que tanto falam da emoção e intensidade que imprime aos concertos, como de distinções mais “terrenas” como o Mercury Prize que venceu em 2015 ou as salas que esgotam à sua passagem.

Acarinhado pelo público português – com diversos espectáculos em nome próprio, mas também no âmbito de festivais como o Super Bock Super Rock, o Mexefest ou o Paredes de Coura –, Benjamin regressa aos palcos lusos, à boleia da digressão de apresentação do novo And I Have Been, editado em 2022.

​Despojos de amor e ternura

Andreia Bento encena para os Artistas Unidos uma peça "sobre a experiência da perda e da reinvenção da memória" escrita em 1994 pelo dramaturgo francês Jean-Luc Lagarce.

Estava em Casa e Esperava Que a Chuva Viesse conta a história de um homem descrito pelo autor como “exausto pela estrada e pela vida”, que regressa a casa para se despedir das cinco mulheres que o esperam (e por ele desesperam) há anos, numa derradeira oportunidade para “partilhar os despojos do amor, arrancar a ternura”.

No elenco estão Antónia Terrinha, Gracinda Nave, Maria Jorge, Raquel Montenegro e Sofia Fialho.

Entre partilhas e cruzamentos, artes a Circular

Um solo de hip-hop desacelerado onde se dá a escutar “a respiração e o movimento da natureza”, confrontando os elementos do palco interior e do “ambiente vivo” do exterior.

Assim se apresenta En Son Lieu, coreografia criada por Christian Rizzo para o bailarino Nicolas Fayol, a quem cabem as honras de abertura do 19.º Circular – Festival de Artes Performativas de Vila do Conde. É uma das duas estreias nacionais alinhadas para o primeiro dia desta edição. A outra é Raw On, performance de Ana Pi assente numa “releitura de danças afro-diaspóricas” que dialoga com as batidas de DJ Firmeza.

Num cartaz que cruza dança, música, teatro, cinema e performance – com lugar para o improviso e meditação, sem esquecer a inteligência artificial –, circulam ainda as propostas de Ana Elena Tejera, Ana Renata Polónia, Vinicius Massucato, Supernova Ensemble, Lolina, Afonso Becerra, Sonoscopia e Henrique Furtado Vieira.

Almada em pontas

Numa tradição com 31 anos, a Companhia de Dança de Almada torna a fazer da sua cidade-berço um palco-laboratório de dança contemporânea.

No alinhamento desta Quinzena de Dança de Almada, com 25 países representados, juntam-se sessões de vídeo-dança, workshops, conversas, peças da Plataforma Coreográfica Internacional (com foco especial na produção de Israel) e espectáculos como o da companhia romena Tangaj Collective (Ramanenjana), o da espanhola Siberia Danza (L.E.V.E.) ou o do coreógrafo italiano Brian Scalini (Odd Nights + Wuthering Days).

A bandeira nacional vem servida pela estreia de ShortCut da companhia anfitriã e pelos Sons Mentirosos Misteriosos para famílias da dupla portuguesa Sofia Dias & Vítor Roriz, entre outros momentos.

Olhar além-fronteiras

A 27.ª edição do Queer Lisboa aponta o foco a uma “abordagem alargada do conceito queer” , procurando fazer justiça a um olhar “não polarizado, um olhar além-fronteiras”, explicam na nota de apresentação.

A tela abre com La Bête dans la Jungle, filme inspirado na novela A Fera na Selva de Henry James e realizado por Patric Chiha. Para o encerramento foi escolhido Queendom, um documentário de Agniia Galdanova sobre a artista russa Gena Marvin.

O consumo de drogas, a saúde mental, a guerra na Ucrânia e a gentrificação são os temas que pautam o cartaz, composto por 80 títulos. À margem das competições, há espaço para a secção Panorama, a retrospectiva dedicada a Yvonne Rainer, conversas, debates e festas. O Queer Porto entra em cena entre 10 e 14 de Outubro.

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