Novos navios eléctricos na travessia do Tejo só no segundo semestre de 2024

A presidente do Conselho de Administração da Transtejo tem como prioridade prestar “um serviço público”, diminuindo as supressões diárias e renovando a frota “desajustada e antiga”.

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Nuno Ferreira Santos
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O serviço de transporte fluvial entre Lisboa e a margem Sul deverá contar com os novos navios eléctricos a partir do segundo semestre de 2024, assegurou a presidente do Conselho de Administração da Transtejo, Alexandra Ferreira de Carvalho. Em Novembro de 2022, o Governo tinha perspectivado ter disponível a maior parte da frota eléctrica de navios da Transtejo já durante 2023.

Numa audição parlamentar realizada na quinta-feira, Alexandra Ferreira de Carvalho explicou aos deputados que, além do desafio de colocar a nova frota operacional (10 navios) até 2025, a empresa está também a assegurar a operacionalidade da actual frota para que possa ter em funcionamento 11 navios em vez dos actuais seis, que não permitem a redundância.

"O segundo semestre de 2024 vai ser uma data muito importante, (...) mas, antes disso, tenho de prestar serviço público, não posso estar sempre com supressões diárias e prestar um péssimo serviço", disse a responsável, ouvida na Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Alexandra Ferreira de Carvalho adiantou que os navios são antigos e estão a avariar constantemente, contudo, com a entrada em funcionamento dos cinco navios que se encontram no estaleiro, os quais conta ter em funcionamento ainda este ano, será possível assegurar as ligações e diminuir as supressões.

"As condições neste momento não são as melhores porque temos uma frota desajustada e antiga, estão a ser dados passos para a renovação, mas, desde que entrei, a 13 de Abril, não tenho nenhum mês em que seja raro um dia sem supressões", disse, adiantando que apenas durante a semana da Jornada Mundial da Juventude o serviço decorreu sem supressões devido ao "grande esforço" de toda a empresa, incluindo das tripulações.

Alexandra Ferreira de Carvalho foi nomeada presidente do Conselho de Administração da Transtejo na sequência da demissão da anterior presidente, Marina Ferreira, após um relatório do Tribunal de Contas (TdC) que acusava a empresa de "faltar à verdade" e de práticas ilegais e irracionais. Em causa estava a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros (ME), num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 ME, de dez novos navios com propulsão eléctrica a bateria (um deles já com bateria, para testes).

Na sequência deste caso foi requerida a sua audição em sede parlamentar pelo Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda, Partido Socialista, Iniciativa Liberal e o Partido Social Democrata, assim como da actual presidente, Alexandra Ferreira de Carvalho.

Relativamente aos novos navios eléctricos, a responsável da empresa disse que, além do "cegonha branca" que "já cá está com todo o equipamento e com as tripulações em formação desde Julho", existe um segundo navio, "em teste ao cais". O terceiro navio será lançado à água para testes a 4 de Maio de 2024 e o quarto até ao final de Setembro do próximo ano.

"Se tudo correr bem, vamos começar no segundo semestre de 2024", disse, adiantando que foi também enviado para o Tribunal de Contas o contrato das baterias.

A presidente da Transtejo falou ainda de constrangimentos ao nível dos recursos humanos, tendo a empresa perdido 14% dos seus trabalhadores nos últimos 10 anos. A empresa, explicou, tem 461 trabalhadores, dos quais 213 asseguram a operação, recursos que considera manifestamente insuficientes, pelo que tem previsto para os próximos três anos a contratação de mais 57 pessoas.

A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa. As empresas têm uma administração comum.