Entrada dos “lobos” em campo

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A segunda jornada da fase de grupos do Mundial de râguebi - embora não seja a designação correcta é fácil e compreensível - define-se na sua maioria por jogos de vencedor antecipado mas tem dois momentos especiais: a estreia dos “lobos” e, noutro jogo do nosso Grupo C, um Austrália-Fiji que terá muita importância na definição dos dois apurados para a fase seguinte.

A estreia de Portugal neste sábado será um grande momento para todos nós, esperando que os “lobos” consigam - num jogo muito difícil - mostrar as qualidades das suas capacidades e o conhecimento que têm do jogo.

O “quinze” do País de Gales que andou malzote com oito derrotas nos últimos dez jogos, mostrou - apesar de um nítido favorecimento do árbitro que, perdendo o critério, não puniu as faltas feitas por galeses na proximidade da sua linha de ensaio - uma capacidade defensiva notável com 253 placagem realizadas - não me lembro de ter visto a execução de um tão elevado número - e tendo no seu base, Will Rowlands (27 placagens), no seu talonador Gareth Thomas (23) e no seu asa e capitão, Jack Morgan, os melhores placadores do Mundial até ao momento.

Por aqui se poderá perceber que e para além da necessidade de adaptação a uma intensidade a que não estão habituados, o avanço português não pode ser realizado pelo conhecido pick-and-go (agarra-e-avança) nos corredores próximos dos reagrupamentos, mas pela tentativa de quebra da linha defensiva mais ao largo e para o qual temos jogadores com o talento necessário para o fazer. Desde que a equipa seja capaz de realizar a táctica de manobrar antes de colidir como mandava, já no século XV, o nosso Nun’Álvares Pereira.

Fundamental será também um jogo ao pé que nos coloque no meio-campo adversário porque, com a capacidade de penetração do meio-campo galês, a última coisa que podemos pretender é jogar próximo da nossa linha.

E não contemos com “favores” galeses - apesar das 13 substituições realizadas -, de levar este jogo com menos rigor por se tratar de um embate entre duas equipas separadas por oito lugares do ranking correspondentes a uma diferença de 12,05 pontos e que, por isso, não dará pontos pela vitória galesa, mas dará quatro ou cinco pontos para a classificação do grupo… Porque basta lembrar o raspanete que Dan Biggar deu em ao centro George North por este ter corrido contra Fiji um risco negligente junto à sua área de ensaio.

Os galeses vieram para o Mundial focados num óbvio objectivo: classificarem-se, no mínimo, para os quartos-de-final. E depois da muito suada vitória sobre Fiji, não vão deixar ir água abaixo um jogo em que são nitidamente favoritos.

Para além da disciplina táctica que um jogo altamente escrutinado exige, dos “lobos” espera-se o habitual: honrar a camisola que envergam na representação que fazem de todos nós, deixando-a sempre em melhor posição do que a receberam.

No outro jogo do Grupo C, se os fijianos jogam as suas esperanças de acesso aos quartos-de-final, os australianos precisam da vitória para encarar o jogo contra o País de Gales sem peso excessivo nos ombros. Porque nisto de jogos mundialistas - não havendo jogos que se considerem sem importância -, o mental é decisivo para uma hipótese de vitória.

Portanto, num jogo que pode ser muito interessante - como o foi já o anterior da participação fijiana - os australianos têm de encontrar as soluções necessárias para garantirem a vitória. E lembre-se que a Austrália já foi campeão mundial e já deu grandes contributos para o desenvolvimento do jogo.

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