Oposição pede ao Governo que proteja as famílias e faça frente à subida dos juros

O Bloco de Esquerda, PCP e Chega opõem-se a um novo aumento das taxas de juro, medida anunciada pelo Banco Central Europeu nesta quinta-feira.

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A pressão sobre o Governo para tomar medidas vem da esquerda e da direita radical EPA/ADRIANA THOMASA
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Após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar, nesta quinta-feira, a décima subida das taxas de juro, o Bloco de Esquerda, PCP e Chega deixaram claro que é altura de o Governo proteger as famílias portuguesas, obrigando a banca a usar os seus lucros para baixar o crédito à habitação.

Pelo PSD, Luís Montenegro desafiou o Governo a aprovar as propostas do seu partido, apresentadas em Fevereiro passado, e que passam pela fixação temporária das prestações nos valores de Abril e o reforço da dedução em IRS dos juros pagos. "As famílias precisam de soluções, não mais de proclamações", escreveu na rede social X, antigo Twitter.

“No jogo dos juros sai sempre o prémio à banca”, começou por dizer Pedro Filipe Soares em reacção à decisão do BCE. Para o líder da bancada do Bloco de Esquerda, o Governo, ao “não tomar uma posição, aceita esta desigualdade, este ataque do BCE, esta gula dos bancos”.

Em declarações na Assembleia da República, o bloquista disse ser necessário utilizar os lucros da banca para diminuir o crédito à habitação: “É necessário, indispensável, para salvaguardar as famílias e o direito à habitação, que o Governo garanta que os bancos são chamados a usar os lucros para baixar o crédito à habitação.”

Nesse sentido, o executivo deve obrigar os bancos “a renegociar as prestações das famílias, baixando-as, e usando os lucros para salvar as famílias”, continuou Pedro Filipe Soares, considerando que “o Governo não pode aceitar que esta situação passe incólume”.

A proposta do Bloco vai ao encontro daquilo que tem vindo a ser defendido pelo PCP e pelo Chega desde Maio. Nas declarações no Parlamento também nesta quinta-feira, os dois partidos pediram a António Costa que adopte uma “posição firme” e que se "imponha" face ao BCE.

“O que se impõe é que o Governo e o Banco de Portugal (BdP) tenham uma posição firme de rejeição deste aumento dos juros. E que se tomem medidas concretas para responder a este problema, afrontando as imposições da União Europeia”, atirou o deputado do PCP Duarte Alves.

Para o deputado, “a receita que até agora foi seguida” pelo BCE, que já aumentou as taxas de juro dez vezes, “não está a ter um efeito prático na redução dos preços”. “Era importante que o Governo português e o BdP fizessem ouvir a sua voz em Frankfurt e, cá, enfrentassem os lucros da banca. Não temos visto coragem política para enfrentar os grandes interesses”, concluiu.

Já o Chega diz que o país tem de ter “um governo que não seja subserviente a Frankfurt”, mas sim “um governo que se imponha perante a política monetária do BCE”, sustentou Rui Afonso.

“Temos de dizer 'basta' aos lucros da banca à custa do aumento das taxas de juro. Não podemos aceitar que possa estar a usufruir de grandes lucros”, continuou. Segundo o deputado, o Chega apresentará, na próxima semana, um projecto de lei sobre os lucros extraordinários da banca.

Também o líder parlamentar do PS criticou a estratégia do BCE. "Este aumento das taxas é claramente contraproducente, penaliza famílias e as expectativas dos agentes económicos quando sabemos que esta inflação tem uma raiz energética, mas também nos alimentos e no conflito da Ucrânia", afirmou Eurico Brilhante Dias, que aproveitou para criticar a direita. "O PPE, onde se incluem o PSD e o CDS, tem sido o grande defensor desta política monetária."

"É o momento de parar os aumentos. O grupo dos democratas no Parlamento Europeu, onde o PS está integrado, já manifestou oposição à governadora do BCE. (...) Não estamos em condições de o BCE continuar a castigar famílias e empresas", insistiu.

Até ao momento, o Governo não apresentou ainda nenhuma medida para atenuar as repercussões da decisão do BCE na vida dos portugueses. Na quarta-feira, António Costa dizia que aguardava pela decisão para que depois, na próxima semana, o Conselho de Ministros procedesse “a uma revisão da legislação que existe para apoiar as famílias que têm créditos à habitação". Com Maria Lopes

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