IL pressiona PSD: liberais votam a favor da moção de censura do Chega
Liberais criticam “manobra de diversão do Chega”, mas admitem que as razões que os levaram a censurar o Governo em Janeiro ainda se mantêm. E de caminho pressionam o PSD.
Apesar de reconhecer que esta moção de censura do Chega é "mais uma manobra de distracção e de comunicação que só vai favorecer o PS", a Iniciativa Liberal vai votar a favor, disse ao PÚBLICO a deputada Patrícia Gilvaz.
"Temos perfeita noção desta estratégia do Chega", vinca a liberal. "Mas, face ao panorama actual do país, ao contexto sócio-económico, à falta do poder de compra, ao degradar das condições de vida dos portugueses, temos que continuar ao lado dos cidadãos e votar a favor da censura ao Governo", argumenta Patrícia Gilvaz.
"Apesar de ser uma manobra de distracção de outro partido, também traduz a nossa contestação" ao executivo, acrescenta, considerando o actual executivo "o pior dos últimos 30 ou 40 anos". "O Governo está completamente perdido nas soluções que encontra para os principais problemas, que vão desde a saúde à habitação, passando pela emigração jovem, a perda de poder de compra."
A Iniciativa Liberal também apresentou uma moção de censura ao Governo no início de Janeiro deste ano que acabou ensombrada pela demissão da secretária de Estado da Agricultura 24 horas depois de ter tomado posse. A moção, que só teve os votos a favor da IL e do Chega, foi chumbada com os votos contra do PS, PCP e do deputado único do Livre, Rui Tavares; teve a abstenção do PSD, do BE, e da deputada única do PAN, Inês Sousa Real.
Na altura, o PSD foi atacado pelo resto da direita por ser incoerente: apesar de criticar duramente o Governo, não dava o importante sinal político de o censurar formalmente. "O PSD não contribuirá para crises reais nem artificiais", alegaram os sociais-democratas no debate, depois de Luís Montenegro ter repetido, publicamente, que o PSD "não é um partido de protesto" e alegado que o Governo, apoiado por uma maioria absoluta, estava no poder há menos de um ano, pelo que tinha "todas as condições" para cumprir a sua função: "governar".
Em Janeiro, a abstenção do PSD foi contestada por alguns deputados sociais-democratas. “Votar a favor é pretender derrubar o Governo” e “abrir uma crise política e consequentemente pedir eleições”, argumentou na altura o presidente do PSD, defendendo que “os portugueses votaram há menos de um ano e isso tem de ser respeitado”. Entre os deputados sociais-democratas há quem continue a defender que o partido deveria votar a favor da moção de censura.